segunda-feira, 28 de março de 2011

Assim Somos nós, aprendendo com o erros


Reina Sobre Mim

Nívea Soares

Composição : Nivea Soares
Correrei para Ti meu Senhor
Minh'alma anseia por Ti
Sou pobre, cego e nu
Nada tenho pra Te oferecer
Quero aos Teus braços me entregar,
Pois sei que Tu me aceitas como estou
Preciso do Teu ouro
Purifica-me Senhor
Reina sobre mim
Eu me rendo a Ti;
Eu me rendo a Ti
Reina sobre mim
Sou Tua noiva,
Eu espero e anseio por Ti

sábado, 26 de março de 2011

A caixa-preta de Darwin

A caixa-preta de Darwin

Livro de bioquímico americano desafia a teoria da evolução


por Michelson Borges

“O desafio da Bioquímica à Teoria da Evolução”. Esse é o subtítulo de um livro publicado recentemente por um professor de bioquímica da Universidade Lehigh (Pensilvânia, EUA), Michael Behe: A Caixa Preta de Darwin (Jorge Zahar Editor, 1997). Nele, o autor desafia a teoria da evolução com o que chama de sistemas de complexidade irredutível.
Usando como exemplo desses sistemas a visão, a coagulação do sangue, o transporte celular e a célula, Behe demonstra convincentemente que o mundo bioquímico forma um arsenal de máquinas químicas, constituídas de peças finamente calibradas e interdependentes. Para que a teoria da evolução fosse verdade, deveria ter havido uma série de mutações, todas e cada uma delas produzindo sua própria maquinaria, o que resultaria na complexidade atual.
Mesmo não sendo um criacionista, o professor Michael Behe argumenta que as máquinas biológicas têm que ter sido planejadas – seja por Deus ou por alguma outra inteligência superior.
Para ilustrar suas idéias, ele usa a analogia da ratoeira: “Suponhamos, por exemplo, que queremos fabricar uma ratoeira. Na garagem, podemos ter uma tábua de madeira velha (para a plataforma ou base), a mola de um velho relógio de corda, uma peça de metal (para servir como martelo) na forma de uma alavanca, uma agulha de cerzir para segurar a barra, e uma tampinha metálica de garrafa, que julgamos poder usar como trava. Essas peças, no entanto, não poderiam formar uma ratoeira funcional sem modificações excessivas e, enquanto elas estivessem sendo feitas, as partes não poderiam funcionar como ratoeira. Suas funções anteriores as teriam tornado impróprias para quase qualquer novo papel como parte de um sistema complexo.”
O autor complica ainda mais as coisas para o darwinismo ao perguntar: como se desenvolveu o centro de reação fotossintético? Como começou o transporte intramolecular? De que modo começou a biossíntese do colesterol? Como foi que a retina passou a fazer parte da visão? De que maneira se desenvolveram as vias de sinalização da fosfoproteína?
“O simples fato de que nenhum desses problemas jamais foi tratado, para não dizer solucionado”, conclui Behe, “constitui uma indicação muito forte de que o darwinismo é um marco de referência inadequado para compreendermos a origem de sistemas bioquímicos complexos”.
Quando o livro Origem das Espécies foi publicado, no século passado, os pesquisadores não imaginavam a enorme complexidade dos sistemas bioquímicos. Esse campo foi aberto em nosso século, quando Watson e Crick descobriram a forma de hélice dupla do ADN (ácido desoxirribonucléico), revelando os segredos da célula. Com isso, os bioquímicos vislumbraram um mundo de cuja complexidade Darwin nem sequer suspeitava.
O lado mais infeliz disso tudo, diz Behe, é o fato de que “numerosos estudantes aprendem em seus livros a ver o mundo através de uma lente evolucionista”, mas “não aprendem como a evolução darwiniana poderia ter produzido qualquer um dos sistemas bioquímicos notavelmente complicados que tais textos descrevem”.
A raiz do preconceito de alguns para com a religião remonta ao século 19, quando o clima do racionalismo e do materialismo acabou implantando uma nova ordem social. As pessoas estavam saturadas de tradicionalismo. Naquele momento, só lhes interessavam novidades, não importando seu fundamento. Assim, o pensamento evolucionista acabou se infiltrando nas demais ciências, e vem sendo amplamente difundido nas escolas e nos meios de comunicação.
Segundo Michael Behe, “a compreensão resultante de que a vida foi planejada por uma inteligência é um choque para nós no século 20, que nos acostumamos a pensar nela como resultado de leis naturais simples”. Porém, ele lembra que outros séculos “também tiveram seus choques, e não há razão para pensar que deveríamos escapar deles”. É tempo de abrir a caixa-preta de Darwin.

Michelson Borges é jornalista e autor dos livros A História da Vida e Por Que Creio

quinta-feira, 24 de março de 2011

Ricardo Nicotra “Eu e o Pai Somos Um”

Ricardo Nicotra
nicotra@uol.com.br

“Eu e o Pai
Somos Um”

E o Espírito Santo?
Não Faz Parte da Trindade?




Ministério Bíblico Cristão
1ª Edição - Maio/2004


20040522-02

Índice




“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” - João 17:3.
Ao longo de séculos muitas teorias sobre a divindade têm surgido. Muitos debates têm sido travados e todos afirmam ter base bíblica para defender suas idéias. Uns entendem que a divindade é composta por três Deuses (o Deus Pai, o Deus Filho e o Deus Espírito Santo) que são autônomos mas que agem em cooperação. Outros afirmam que há apenas um Deus que se manifesta de três formas diferentes, mas é o mesmo ser, uma única pessoa. Há ainda quem defenda que há um só Deus composto por três pessoas divinas, co-iguais, co-eternas, co-substanciais, a Santíssima Trindade. Esta última forma de crença, a mais comum, é adotada pela Igreja Católica e pela maioria das igrejas protestantes. Para eles, Deus não é um ser pessoal, ou seja, Deus não é uma pessoa, mas três pessoas. Não são três deuses, nem uma só pessoa, mas um Deus Composto, um Deus-Tríplice, ou Deus-Triúno. Complicado? Sim... Na interpretação dos trinitarianos (assim chamamos quem crê na teoria da Santíssima Trindade) este ensino é um mistério! Por que um mistério?
Como tais ensinos carecem de uma base mais sólida e contêm contradições internas de difícil conciliação, seus defensores também ensinam que há um grande mistério por trás destes fatos e que ao ser humano não é dado compreender os mistérios de Deus. “A Santíssima Trindade é um Mistério para ser aceito, não para ser compreendido”, foi a voz de muitos sacerdotes ao longo da Idade Média e que continua ressoando no século 21.
Diante de tais interpretações questionáveis, muitos crentes sinceros acabam aceitando a “doutrina do mistério” e acreditando que sua salvação não depende do pleno conhecimento de Deus, já que o mesmo é um mistério não revelado. Cristo afirmou que a vida eterna depende do conhecimento do único Deus verdadeiro e de Jesus Cristo, o enviado de Deus (João 17:3). Apelo a todos os crentes sinceros que se desprendam de idéias pré-concebidas e dogmas arraigados a fim de receber da Palavra de Deus um conhecimento progressivo de Deus.
“Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor: como a alva a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.” - Oséias 6:3.
O conhecimento progressivo de Deus é possível! Mas para avançarmos, temos que estar dispostos a deixar muitos conceitos já arraigados para trás. Através da leitura deste livro você perceberá que a verdade bíblica é simples e fácil de ser compreendida. A compreensão básica da divindade não é uma exclusividade dos acadêmicos da religião e dos doutores em divindade. Até mesmo pessoas simples, sem educação formal, podem conhecer esse maravilhoso Deus que não é um Deus misterioso e complicado, mas um Deus simples que tem prazer em revelar-se aos seus filhos mais humildes.
“Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.” - Mateus 11:25.
Oro para que Deus lhe conduza neste estudo, que o espírito humilde de Cristo possa imbuir seu coração e mente a fim de que as maravilhosas e abundantes revelações de Deus fluam da sua Palavra para o seu ser.
O Autor


Não há conhecimento mais sagrado e mais vital para a salvação do que o conhecimento de Deus. Crescer no conhecimento do seu amor, sua justiça, sua misericórdia, sua natureza é o objetivo de todo crente verdadeiro. Em nossa limitação, jamais seremos capazes de compreendê-lo completamente, pois Ele é infinito. Mas a cada dia devemos buscar mais sobre Ele, prosseguir na busca do conhecimento do Todo-poderoso Deus.
“Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor: como a alva a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.” - Oséias 6:3.

O Espírito: Mistério ou Revelação

“Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus.” - Mateus 13:11.
Deus em seu infinito amor e misericórdia, através da Palavra, revelou aos seus servos os mistérios do seu reino. O plano do Deus Todo-poderoso é revelar-se cada vez mais aos seus filhos amados até que estes cheguem à unidade e ao pleno conhecimento dEle e do seu Filho Unigênito, Jesus Cristo. A unidade é conseqüência do conhecimento de Deus. Só chegaremos à unidade cristã pela qual Cristo orou se avançarmos no conhecimento deste Deus grandioso.
“Para que os seus corações sejam animados, estando unidos em amor, e enriquecidos da plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus, Cristo.” - Colossenses 2:2.
Cada um de nós tem o dever de buscar sorver constantemente desta fonte cristalina para sermos também condutos da Água da Vida, reflexos do Sol da Justiça, despenseiros dos mistérios de Deus.
“Que os homens nos considerem, pois, como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus.” - I Coríntios 4:1.
Que mistério é esse? O apóstolo Paulo responde:
O mistério que esteve oculto dos séculos, e das gerações; mas agora foi manifesto aos seus santos, a quem Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da glória.” - Colossenses 1:26 e 27.
“Cristo em vós”, este é o mistério que esteve oculto e nos foi revelado. Cristo pode habitar em nós hoje através do seu Espírito. É sobre este “mistério” já revelado que discorreremos neste livro.
Lamentavelmente quando se fala sobre o Espírito de Deus, sua atuação e essência, muitos preferem fechar os ouvidos por considerarem um assunto oculto, um mistério que o homem não deve se atrever a sondar, um tema onde “o silêncio é ouro”. Infelizmente tais pessoas demonstram que não conhecem o Deus de amor, um Deus infinito que se revela ao mais simples e humilde pecador. Nosso Pai é um Deus de revelação, não de mistério. Tais crentes nominais não buscam o conhecimento por si mesmos, mas se acomodam e preferem aceitar os dogmas impostos pela liderança espiritual. Afinal de contas, há pastores e professores de religião com mestrado e doutorado, experts em divindade. Eles não podem estar errados, podem?
“Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar, segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio desde os tempos eternos, mas agora manifesto e, por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus, eterno, dado a conhecer a todas as nações para obediência da fé; ao único Deus sábio seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre. Amém.” - Romanos 16:25-27.

Requisitos Para o Progresso no Conhecimento de Deus

Há requisitos que devemos atender para crescer no conhecimento de Deus. O primeiro requisito é a humildade. O sábio escreveu: “com os humildes está a sabedoria.” (Prov. 11:2). O humilde é flexível, não se apega a conceitos pré-estabelecidos, mas como verdadeiro discípulo do Mestre está sempre disposto a aprender e a rever suas opiniões e conceitos.
Outro requisito para o crescimento no conhecimento de Deus é a atuação do Espírito de Deus em nós.
“Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, mas sim o Espírito que provém de Deus, a fim de compreendermos as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus”. - I Cor. 2:12.
Jamais poderemos compreender as revelações de Deus senão por seu Espírito. Sem o Espírito, aí sim, o assunto se torna um mistério indecifrável.
A terceira condição para o avanço é a dedicação no estudo. “Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração”. (Jer. 29:13) Apenas o estudante diligente obterá êxito e progresso no conhecimento de Deus.



Como é possível conhecer a Deus? O apóstolo Paulo responde:
“Porque qual dos homens sabe as coisas do homem senão o seu próprio espírito que nele está? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e, sim, o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente.”  - I Coríntios 2:11 e 12.
Este verso deixa claro que assim como o homem tem um espírito que conhece tudo a seu respeito, Deus também tem o seu Espírito e por esta razão só é possível obter o conhecimento pleno de Deus através do Espírito de Deus.
Então, para conhecermos a Deus, é importante buscarmos na sua Palavra revelações sobre o Espírito Santo de Deus. A Palavra de Deus, especialmente o Novo Testamento, traz muitas revelações sobre a maravilhosa obra do Espírito Santo e fala um pouco sobre sua natureza. Mas muitos fazem confusão a respeito da essência e natureza do Espírito Santo. Quem é na verdade o Espírito Santo? Alguns dizem que é o poder de Deus, outros pregam que é a terceira pessoa da trindade, outros ainda argumentam que o Espírito Santo é o anjo Gabriel. Finalmente há aqueles que não têm muita disposição para um estudo mais aprofundado e se acomodam alegando que se trata de um mistério sem importância para a salvação.
Passo a passo, verso a verso, com humildade e simplicidade, sem interpretações que vão além do que está escrito, vamos aprender um pouco mais sobre o Espírito Santo.
Para iniciarmos o estudo sobre o Espírito Santo vamos nos limitar a descrever duas características incontestáveis relacionadas a ele. E a partir destas duas características, desenvolveremos nosso estudo. Aqui estão elas:
O Espírito Santo é Espírito
O Espírito Santo é Santo
Isso pode parecer um conceito muito básico e óbvio, mas é incrível como muitas pessoas duvidam que o Espírito Santo seja um espírito no sentido original da palavra. Vamos buscar compreender o que os autores da Bíblia queriam dizer quando escreviam a palavra “espírito”.

O Que é “Espírito”?

Para uma compreensão satisfatória da Bíblia, devemos procurar saber qual era a intenção dos autores bíblicos. O que um escritor bíblico, profeta ou apóstolo, tinha em mente quando escrevia a palavra “espírito”? Quando ouvimos a palavra “espírito” nossa interpretação é a mesma do profeta ou apóstolo?
Em nossa cultura, fortemente influenciada pelo catolicismo e espiritismo, sempre que se fala em “espírito” a tendência natural é imaginar uma força desencarnada atuando independentemente do corpo - uma entidade autônoma, invisível, consciente. Este é o conceito popular, pregado por algumas religiões e apresentado em filmes e novelas. Lamentavelmente este conceito já popularizado tem afetado negativamente a compreensão bíblica, pois sempre que se lê a palavra “espírito”, o estudante da Bíblia é influenciado pelo conceito popular.
Veremos que para os escritores bíblicos o significado da palavra “espírito” era bem diferente deste conceito popular. Para que cresçamos no conhecimento de Deus e do seu Espírito temos que restabelecer o conceito original. Então poderemos ter uma visão clara do que a Bíblia ensina sobre o espírito do homem e sobre o Espírito de Deus.

A Definição de “Espírito” no Velho Testamento

No Velho Testamento, escrito em hebraico, o original da palavra “espírito” é ruach. Originalmente ruach significa fôlego, vento, sopro e respiração e se aplica tanto ao espírito dos animais quanto ao espíritos dos homens, espíritos malignos e Espírito de Deus. Veja alguns exemplos:

Ruach - Espírito de Homem

“Na verdade há um espírito (ruach) no homem, e o sopro do Todo-poderoso o faz entendido.” - Jó 32:8.
“Nas tuas mãos entrego o meu espírito (ruach); tu me remiste, Senhor, Deus da verdade.” - Salmo 31:5.
“Sai-lhes o espírito (ruach) e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia perecem todos os seus desígnios.” - Salmo 146:4.
“E o pó volte à terra, como o era, e o espírito (ruach) volte a Deus, que o deu.” -Eclesiastes 12:7.
“Fala o Senhor, o que estendeu o céu, fundou a terra e formou o espírito (ruach) do homem dentro dele.” - Zacarias 12:1.
Algumas vezes a palavra ruach é traduzida como sopro, hálito ou respiração do ser humano. Confira:
“Enquanto em mim estiver a minha vida, e o sopro (ruach) de Deus nos meus narizes...” - Jó 27:2.
“O meu hálito (ruach) é intolerável à minha mulher, e pelo mau cheiro sou repugnante aos filhos de minha mãe.” - Jó 19:17.
“Se lhes cortas a respiração (ruach), eles morrem, e voltam ao seu pó.” - Salmos 104:29.
Portanto, a intenção do autor bíblico ao escrever a palavra ruach não era descrever uma entidade desencarnada autônoma, invisível e consciente conforme muitos crêem, mas descrever o fôlego de vida, o sopro vital cuja fonte é Deus. Portanto, para fins de tradução e interpretação bíblica, a palavra espírito é sinônimo de sopro, hálito, respiração, pois têm a mesma origem no hebraico: ruach.

Ruach - Espírito de Deus

O Espírito de Deus também é chamado de ruach no Antigo Testamento. Como vimos, a palavra ruach significa originalmente sopro, vento, fôlego.
“Então disse o Senhor: O meu Espírito (ruach) não agirá para sempre no homem, pois este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos.” - Gênesis 6:3.
“Disse Faraó aos seus oficiais: Acharíamos, porventura, homem como este, em quem há o Espírito (ruach) de Deus?” - Gênesis 41:38.
“Tendo-se retirado de Saul o Espírito (ruach) do Senhor, da parte deste um espírito (ruach) maligno o atormentava.” - I Samuel 16:14.
Note que neste último verso a palavra ruach é usada tanto para definir o ruach maligno quanto para descrever o ruach de Deus. São dois espíritos diferentes. Surge, então, a seguinte questão com relação à independência e autonomia destes espíritos: O Espírito (ruach) do Senhor é uma pessoa e o Senhor é outra pessoa distinta? Isso também vale no caso do espírito (ruach) maligno? Ou seja, o maligno é um ser pessoal e o ruach do maligno é outra pessoa diferente? Pense nisso antes de continuar! Em sua resposta cuidado para não ser influenciado pelo conceito popular de espírito. Lembre-se do conceito bíblico.
Jó costuma comparar o Espírito de Deus com o seu sopro:
“O Espírito (ruach) de Deus me fez; e o sopro do Todo-poderoso me dá vida.” - Jó 33:4.
“Se Deus pensasse apenas em si mesmo, e para si recolhesse o seu espírito (ruach) e o seu sopro, toda a carne juntamente expiraria e o homem voltaria para o pó.” - Jó 34:14 e 15.
Algumas vezes o ruach de Deus não é traduzido como espírito, mas como sopro ou respiração. Veja:
“Os céus por sua palavra se fizeram, e pelo sopro (ruach) de sua boca o exército deles.” - Salmo 33:6.
“A sua respiração (ruach) é como a torrente que transborda e chega até ao pescoço...” - Isaías 30:28.
Estas traduções para ruach (sopro e respiração) estão perfeitamente adequadas e de acordo com a definição original de ruach no hebraico, pois a definição original de ruach, no hebraico, é sopro, fôlego, respiração e vento. Veremos mais exemplos adiante.

Ruach - Espírito dos Animais

É interessante notar que os animais também possuem ruach, mas para diferenciar dos seres humanos e de Deus, na maioria das vezes o ruach dos animais é traduzido como “fôlego de vida”. Esta forma de traduzir também está de acordo com o sentido original da palavra. Veja estes exemplos:
“Porque estou para derramar águas em dilúvio sobre a terra para consumir toda carne em que há fôlego (ruach) de vida debaixo dos céus: tudo o que há na terra perecerá.” - Gênesis 6:17.
“De toda a carne, em que havia fôlego (ruach) de vida, entraram de dois em dois para Noé na arca.” - Gênesis 7:15.
“Porque o que sucede aos filhos dos homens, sucede aos animais; o mesmo lhe sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego (ruach) de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais...” - Eclesiastes 3:19

Ruach - Traduzido como Vento, Sopro, Hálito e Respiração

A palavra ruach aparece 379 vezes em 348 versos no Velho Testamento e, embora seja traduzida como espírito em vários textos, ruach também é traduzida como fôlego de vida, vento, sopro e ar. Note que não há nenhuma interpretação particular nesta direção. Este é realmente o significado original da palavra ruach. Veja outras traduções possíveis, sinônimos de espírito:
“... Deus fez soprar um vento (ruach) sobre a terra e baixaram as águas” - Gênesis 8:1.
 “E eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento (ruach)” - Eclesiastes 1:14 u.p.
 “Com o hálito de Deus perecem; e com o assopro (ruach) da sua ira se consomem.” - Jó 4:9.
“Lembra-te de que minha vida é um sopro (ruach).” - Jó 7:7.
“A tal ponto uma se chega à outra que entre elas não entra nem o ar (ruach)” - Jó 41:16.

Outras Traduções de Ruach

Em alguns versos a palavra ruach é traduzida como mente ou ânimo. Neste caso, o tradutor entendeu que a palavra ruach foi utilizada num sentido figurado, simbólico e, portanto, não deveria ser traduzida ao pé da letra como espírito, vento ou fôlego:
“Deu Davi a Salomão, seu filho, a planta do pórtico com as suas casas, ... também a planta de tudo quanto tinha em mente (ruach), com referência aos átrios da casa do Senhor.” - I Crônicas 28:11 e 12.
“Despertou, pois, o Senhor, contra Jeorão o ânimo (ruach) dos filisteus, e dos arábios que estão da banda dos etíopes.” - II Crônicas 21:16.
Através do método de comparação de versos bíblicos, podemos reconhecer que o Espírito de Deus é, de um modo figurado, sua própria mente.

Isaías 40:13
Romanos 11:34
I Coríntios 2:16
“Quem guiou o Espírito do Senhor? Ou, como seu conselheiro, o ensinou?”
“Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?”
“Pois, quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir?”

De nossa breve análise no Velho Testamento, concluímos que o Espírito de Deus é o ruach de Deus, ou seja, o fôlego ou o sopro do único Deus Todo-Poderoso e não uma outra pessoa da divindade. Da mesma forma o espírito (pneuma) do homem é o fôlego de vida do homem e não uma pessoa diferente.
Porventura o Novo Testamento confirma o conceito de “espírito” do Velho Testamento?

A Definição de “Espírito” no Novo Testamento

Acredita-se que a maior parte do Novo Testamento foi escrita em grego onde a palavra espírito é pneuma. Esta palavra grega tem o mesmo significado de ruach no hebraico, ou seja, é um sinônimo de espírito, fôlego, vento, sopro, ar. É da palavra pneuma que derivam algumas palavras da língua portuguesa tais como pneu, pneumático, pneumonia - todas relacionadas à respiração ou ao ar.
Nos versos a seguir aprenderemos um pouco mais sobre o que os escritores do Novo Testamento queriam transmitir ao escrever “pneuma de Deus” ou “pneuma Santo”. Será que a intenção dos apóstolos ao escrever “pneuma de Deus” era se referir a uma outra pessoa da divindade? Ou estavam se referindo ao fôlego, sopro de Deus?

Pneuma Hagios e Pneuma Theos

No Novo Testamento a expressão pneuma hagios é traduzida como Espírito Santo, pneuma theos é traduzida como Espírito de Deus, pneuma iesous cristos como Espírito de Jesus Cristo. Vejamos alguns exemplos da utilização da palavra pneuma:
“Ele, porém, vos batizará com o Espírito (pneuma) Santo.” - Marcos 1:8.
“Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito (pneuma) de Deus habita em vós?” - I Coríntios 3:16.
“Mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito (pneuma) do nosso Deus.” - I Coríntios 6:11.
“Então vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tinha sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos que são os sete espíritos (pneuma) de Deus enviados por toda a terra.” - Apocalipse 5:6.
“E, havendo dito isto, soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito (pneuma) Santo.” - João 20:22.
Este último verso é um dos exemplos mais elucidativos pois mostra que o Espírito Santo é realmente o pneuma de Cristo, ou seja, o fôlego, sopro de Cristo. O evangelista deixa claro que o Espírito Santo foi soprado por Jesus sobre seus discípulos. Não há dúvidas aqui. O Espírito Santo é o próprio pneuma de Cristo, não uma entidade independente, mas parte integrante de Jesus Cristo e de Deus.
“Porque qual dos homens sabe as coisas do homem senão o seu próprio espírito (pneuma) que nele está? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito (pneuma) de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito (pneuma) do mundo, e, sim, o Espírito (pneuma) que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente.”  - I Coríntios 2:11 e 12.
“Pois todos os que são guiados pelo Espírito (pneuma) de Deus são filhos de Deus... O próprio Espírito (pneuma) testifica com o nosso espírito (pneuma) que somos filhos de Deus.” - Romanos 8:14 e 16.
Perceba que nestes dois últimos versos, a palavra pneuma também foi utilizada para designar o espírito do homem.
É importantíssimo ressaltar que convencionou-se escrever Espírito de Deus com “E” maiúsculo e espírito do homem com “e” minúsculo. Neste livro também adotamos este padrão, mas não foi assim no grego. Veremos adiante que não existia esta diferença no grego. Os autores bíblicos não diferenciavam o espírito do homem do Espírito de Deus através de letras minúsculas e maiúsculas.

Pneuma - O Espírito do Homem

Assim como ruach no Velho Testamento, a palavra grega pneuma também se aplica ao espírito do homem.
(Ressurreição da filha de Jairo): “Voltou-lhe o espírito (pneuma), e ela imediatamente se levantou, e ele mandou que lhe dessem de comer.” - Lucas 8:55.
“O espírito (pneuma) está pronto, mas a carne é fraca.” - Marcos 14:38.
“Porque trouxeram refrigério ao meu espírito (pneuma) e também ao vosso.” - I Coríntios 16:18.
“Porque assim como o corpo sem espírito (pneuma) é morto, assim também a fé sem obras é morta.” - Tiago 2:26.
Este verso de Tiago reafirma nossa crença sobre a impossibilidade de um espírito (pneuma) subsistir sem corpo. Biblicamente, para que uma pessoa tenha vida é necessário o espírito (pneuma) e o corpo.
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito (pneuma), alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” - I Tessalonicenses 5:23.
Neste último verso o apóstolo Paulo cita o espírito, a alma e o corpo. Isto nos faz lembrar dos elementos constituintes do ser humano e automaticamente nos remete ao relato da criação que explica como o homem foi formado:
“Então formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.” - Gênesis 2:7.
Podemos entender que o homem é formado de pó (corpo físico) mais espírito (fôlego da vida) resultando numa alma vivente.
CORPO (PÓ DA TERRA) + ESPÍRITO (FÔLEGO DE VIDA) = ALMA (PESSOA VIVA)
Logo, é errado dizer que o homem tem uma alma, mas é correto dizer que ele é uma alma vivente composta por corpo e espírito.
Não podemos nos influenciar pelo conceito popular achando que o homem é uma pessoa e o seu espírito é outra pessoa, entidade independente que subsiste fora do corpo. O pneuma do homem é parte integrante do seu ser. Da mesma forma o pneuma de Deus é parte integrante de Deus, não uma outra pessoa. Um espírito, de acordo com a própria definição de pneuma dada por Cristo, não tem corpo:
“Eles, porém, surpresos e atemorizados, acreditavam estarem vendo um espírito (pneuma)...Vede minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito (pneuma) não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.” - Lucas 24:37 e 39.
O pneuma não tem carne e ossos, ou seja, um pneuma não tem corpo! Portanto, o espírito (pneuma) não é uma pessoa de acordo com o conceito bíblico, segundo o qual uma pessoa é composta de corpo e espírito.

O Pneuma de Cristo

“Então Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito (pneuma)!” - Lucas 23:46.
 “E, porque vós sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito (pneuma) de seu Filho que clama: Aba, Pai.” - Gálatas 4:6.
Cristo possuía o mesmo pneuma do Pai, um pneuma que é compartilhado pelo Pai e pelo Filho - é isto que os fazem um. Reforçaremos este conceito posteriormente.

Outras Traduções de Pneuma

A palavra pneuma aparece 385 vezes no Novo Testamento e na maioria das vezes é traduzida como espírito. Mas assim como ruach, há outras traduções possíveis como sopro, fôlego e vento:
“Ainda quanto aos anjos, diz: Aquele que a seus anjos faz ventos (pneuma), e a seus ministros, labareda de fogo.” - Hebreus 1:7.
“De repente veio do céu um som, como de um vento (pnoe[1]) impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados... Todos ficaram cheios do Espírito (pneuma) Santo...” - Atos 2:2 e 4.
“Então será de fato revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro (pneuma) de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda.” - II Tessalonicenses 2:8.
“E lhe foi dado comunicar fôlego (pneuma) à imagem da besta, para que, não só a imagem falasse, como ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da besta.” - Apocalipse 13:15.
Note que interessante o próximo verso! Nele a palavra pneuma aparece duas vezes e é traduzida inicialmente como “vento” e no final do verso como “Espírito”:
“O vento (pneuma) sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito (pneuma)” - João 3:8.

Espírito Santo é Nome Próprio?

Embora a Bíblia apresente o nome do Pai (Jeová ou Yaweh em hebraico) e o nome do Filho (Jesus ou Yeshua em hebraico), o nome do Espírito Santo não nos é apresentado. O tradutor da Bíblia, ao traduzir a palavra pneuma (espírito), o fez com letra maiúscula. No entanto, a palavra pneuma, originalmente não foi escrita desta forma. Os manuscritos mais antigos do Novo Testamento são alguns fragmentos de papiro escritos em uncial. O padrão uncial utilizava-se de letras maiúsculas apenas. Este padrão continuou sendo utilizado nos pergaminhos até o século XI, quando a escrita minúscula começou a ser adotada. Fica claro que escrever “Espírito Santo” com iniciais maiúsculas é uma convenção adotada posteriormente.
Veja um exemplo na Bíblia em Grego Moderno (Atos 13:9) a diferença entre a letra pi minúscula (p), usada para escrever pneuma (um substantivo) e a letra pi maiúscula (P) usada para escrever Paulos (um nome próprio):







O fato da expressão “Espírito Santo” ou “Espírito de Jesus Cristo” ser sempre escrita com “E” maiúsculo em português tem influenciado o subconsciente de muitos crentes sinceros no sentido de aceitar a doutrina de que o Espírito Santo é uma pessoa distinta do Pai e do Filho. Mas é importante destacar que quando os apóstolos escreviam Espírito Santo, não havia esta distinção. Nós escrevemos Espírito Santo com letras maiúsculas em português apenas por uma convenção, um hábito na realidade muito questionável, pois tal convenção não existia originalmente.

O Espírito Santo, o Espírito de Cristo e o Espírito de Deus

A Palavra de Deus afirma que assim como o homem tem um pneuma como parte integrante do seu ser, Deus também tem um pneuma. Vejamos novamente o que diz I Coríntios 2:11:
“Porque qual dos homens sabe as coisas do homem senão o seu próprio espírito (pneuma) que nele está? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito (pneuma) de Deus.”  - I Coríntios 2:11.










Novamente é importante notar que em português o “Espírito” de Deus é escrito com “E” maiúsculo e o “espírito” do homem é escrito com “e” minúsculo. Mas não é assim no original grego. Tanto o Espírito de Deus quanto o espírito do homem são escritos absolutamente da mesma forma. Portanto não há porque interpretar que o espírito de Deus é uma outra pessoa e o espírito do homem não é uma outra pessoa.
Assim como o homem, Deus possui dentro de si um pneuma que é um atributo que não pode ser separado dEle. Algumas religiões  como o Espiritismo, por exemplo, pregam que é possível o espírito (pneuma) existir independente­mente ou separadamente do corpo do seu possuidor, mas não é isso que a Palavra de Deus diz. Segundo a Bíblia um corpo sem pneuma é um corpo morto.Veja:
“Então Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito (pneuma)! E dito isto expirou.” - Lucas 23:46.
“E o pó volte à terra, como o era, e o espírito (ruach) volte a Deus, que o deu.” -Eclesiastes 12:7.
Da mesma forma um espírito (pneuma) com existência e personalidade própria (independente do possuidor) é um conceito defendido pelo Espiritismo e pelo Trinitarianismo.
É inquestionável que Deus tenha, assim como o homem, um pneuma como parte constituinte do seu ser. Por essa razão, alguns defensores da trindade interpretam de forma diferenciada o Espírito Santo e o Espírito de Deus. Alegam que o Espírito de Deus é um atributo intrínseco do Pai, mas que o Espírito Santo é uma outra pessoa - a terceira pessoa da trindade. Porventura existe esta diferença entre Espírito de Deus e Espírito Santo?
Através de um estudo por comparação de versos é possível descobrir que o Pai e o seu Filho Jesus compartilham o mesmo pneuma, qual seja, o Espírito Santo. Veremos adiante que não há diferença entre Espírito de Deus, Espírito de Cristo e Espírito Santo.
“Não sabeis que sois santuário de Deus, e que o Espírito (pneuma) de Deus habita em vós?” - I Coríntios 3:16.
“Acaso não sabeis que vosso corpo é santuário do Espírito (pneuma) Santo que está em vós, o qual tendes da parte de Deus.” - I Coríntios 6:19
Após análise destes dois versos, concluímos inequivocamente que o Espírito Santo é o próprio Espírito (pneuma) de Deus e não uma terceira pessoa. É o próprio pneuma de Deus que habita em nós.
Paulo confirma que o Espírito Santo não é uma terceira pessoa, mas é sim o próprio pneuma de Deus, colocando-os (Espírito de Deus e Espírito Santo) como expressões equivalentes novamente:
“Por isso vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito (pneuma) de Deus afirma: Anátema Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus! senão pelo Espírito Santo.” - I Coríntios 12:3.
Há muitos outros versos que servem como evidência clara de que o Espírito Santo é o próprio pneuma de Deus. Vejamos este último par de versos de Paulo aos Efésios sobre o selamento:
“... tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa.” - Efésios 1:13.
“E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.” - Efésios 4:30.
Biblicamente, temos evidências suficientes para afirmar que...
ð Espírito Santo = Espírito (pneuma) de Deus
E o que dizer do Espírito de Cristo? É correto afirmar que o Espírito de Cristo e o Espírito de Deus são sinônimos? Vejamos:
“Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se de fato o Espírito (pneuma) de Deus habita em vós. E se alguém não tem o Espírito (pneuma) de Cristo, esse tal não é dele.” - Romanos 8:9.
 Este verso nos dá condições de afirmar que
ð Espírito (pneuma) de Cristo = Espírito (pneuma) de Deus
Deus, o Pai e seu Filho, Jesus Cristo, compartilham o mesmo espírito (pneuma), por esta razão são um.
“Eu e o Pai somos um.” - João 10:30.
“Tudo quanto o Pai tem é meu...” - João 16:15.
Jesus Cristo e o seu Pai são duas pessoas distintas, mas são um em espírito. Jamais lemos na Bíblia “eu, o Pai e o Espírito Santo somos um”! Reiteramos: O Pai e o Filho são um porque possuem o mesmo pneuma (espírito). O Espírito de Cristo está no Pai e o Espírito do Pai está no Filho:
“Quem me vê a mim vê o Pai... Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim.” - João 14:9 e 11.
Ora, é impossível aceitar que o Pai está no Filho e o Filho está no Pai de forma física. É claro que Cristo está dizendo que o Pai está espiritualmente no Filho e o Filho está espiritualmente no Pai.
Da mesma forma podemos ser um com Deus e com Cristo se recebermos em nós o Espírito (pneuma) de Deus. Isso Jesus deixou claro em sua oração intercessória relatada em João 17:
“A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.” - João 17:21.
O plano de Deus é que sejamos um com Ele e com o Pai. Não uma pessoa fisicamente falando, mas uma unidade espiritual, ou seja, que tenhamos o mesmo Espírito (pneuma) de Deus e de Cristo, mesmo sendo pessoas diferentes.
“Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele.” - I Coríntios 6:17.
O Espírito Santo é o próprio Espírito de Cristo e em certas ocasiões o autor bíblico alterna estes dois termos:
“E percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu.” - Atos 16:6 e 7.
Não haveria necessidade de apresentarmos mais versos comprovando que Espírito de Deus, Espírito de Cristo e Espírito Santo são utilizados como sinônimos na Bíblia e que se tratam do próprio pneuma (fôlego / espírito) de Deus. Mas como último verso, lembramos o que está escrito em João 20:22:
“E, havendo [Jesus] dito isto, soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito (pneuma) Santo.” - João 20:22.
Fica então claro que o Espírito Santo é o próprio espírito (pneuma) de Jesus, ou seja, seu fôlego, seu sopro vital e não uma terceira pessoa distinta do Pai e de Cristo.
ð Espírito (pneuma) de Cristo = Espírito (pneuma) de Deus = Espírito Santo
A reposta para a pergunta “Quem é o Espírito?” nunca esteve tão próxima:
“Ora o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor aí está a liberdade.” - II Coríntios 3:17.
Sem dúvidas esta é a melhor resposta para a pergunta “Quem é o Espírito?” Paulo acaba de responder: “O Senhor é o Espírito.”


A Palavra de Deus apresenta duas pessoas divinas: Deus, o Pai e o seu Filho Unigênito, Jesus Cristo que também é chamado pelo profeta Isaías de “Deus Forte, Pai da Eternidade”. Vejamos algumas evidências de que a doutrina da trindade carece de embasamento bíblico quando afirma que o Espírito Santo é a terceira pessoa de uma tríade divina.

O Pai e o Filho nos Evangelhos

“Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” - Mateus 11:27.
Quando a Palavra de Deus diz “ninguém”, exclui qualquer outra pessoa: seres humanos, anjos ou o próprio inimigo das almas. Para aqueles que acreditam no Espírito Santo como uma pessoa distinta terão uma tarefa adicional em conciliar uma contradição entre o texto acima (Mateus 11:27) e I Coríntios 2:11:
“Porque qual dos homens sabe as coisas do homem senão o seu próprio espírito que nele está? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.”  - I Coríntios 2:11.
Ora, se Mateus afirma que ninguém conhece o Pai senão o Filho e Paulo diz que há uma outra pessoa (?), o Espírito, que conhece o Pai, então os trinitarianos têm uma contradição para ser resolvida aqui! Para aqueles que crêem que o Espírito de Deus é o próprio Espírito de Cristo, fica mais fácil entender que só o Filho (seu Espírito) conhece o Pai.
Segue uma possível alteração bíblica em Mateus 11:27 para sustentar a visão trinitariana: “Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai e o Espírito Santo; e ninguém conhece o Pai senão o Filho e o Espírito Santo, e aquele a quem o Filho e o Espírito Santo o quiserem revelar.” - versão de Mateus 11:27 adulterada para sustentar a visão trinitariana.
A unidade Pai e Filho é diversas vezes enfatizada de forma clara nos Evangelhos não havendo qualquer menção de uma suposta unidade Trinitária formada por Pai / Filho / Espírito Santo. Seguem mais exemplos:
“Eu e o Pai somos um” - João 10:30.
“A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti.” - João 17:21. p.p.
Não pode haver evidências mais claras de que a divindade é composta pela união de Pai e Filho. Veja como ficariam possíveis adaptações dos versos acima para sustentar a teoria da trindade: “Eu, o Pai e o Espírito Santo somos um” - João 10:30 versão trinitariana adulterada. “A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, e o Espírito Santo em mim e eu em ti e no Espírito Santo.” - João 17:21. p.p. versão trinitariana adulterada. Um absurdo!
Vamos repetir um verso que consideramos importante para a salvação, pois trata-se da indicação de como receber a vida eterna:
“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” - João 17:3.
Para termos a vida eterna devemos conhecer apenas duas pessoas: o Pai e o seu Filho. Conhecendo a ambos, certamente receberemos o Espírito (pneuma) de ambos. Se o Espírito Santo fosse uma terceira pessoa, Jesus oraria assim: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, a Jesus Cristo, a quem enviaste e ao Espírito Santo que será enviado após mim.” - João 17:3 versão trinitariana adulterada.

O Pai e o Filho nas Mensagens de Paulo

Da mesma forma que nos evangelhos, as cartas de Paulo só reconhecem a existência de duas pessoas divinas: Deus, o Pai e Jesus Cristo. Paulo também enfatiza a obra do Espírito Santo, mas não o apresenta como uma pessoa participante da divindade e sim como o pneuma de Deus, atributo intrínseco do seu ser.
“Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós, também por ele.” - I Coríntios 8:6.
“Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.” - I Timóteo 2:5.
Sabemos que Jesus Cristo é nosso Senhor e faz parte da divindade “porque aprouve a Deus que nele residisse toda a plenitude.” (Colossenses 1:19). Que plenitude? “Nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade.” (Colossenses 2:9). Não é nosso objetivo aqui discutir a divindade de Cristo porque entendemos que já existe um consenso neste sentido por isso passamos adiante demonstrando evidências nos escritos de Paulo de que ele reconhecia uma divindade composta de apenas duas pessoas.
Todas as saudações das cartas de Paulo citam apenas Deus Pai e o seu Filho Jesus Cristo. Nunca citam o Espírito Santo. Em geral, citam também o nome das pessoas para quem a carta foi enviada. Vamos conferir as saudações de todas as epístolas de Paulo:
Romanos: “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus.” - Romanos 1:1.
I Coríntios: “Paulo, chamado pela vontade de Deus, para ser apóstolo de Jesus Cristo... Graça a vós outros e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.” - I Coríntios 1:1 e 3.
II Coríntios: “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus... Graça a vós outros e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.” - II Coríntios 1:1 e 3.
Gálatas: “Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos.. Graça a vós outros e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.” - Gálatas 1:1 e 3.
Efésios: “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus, aos santos que vivem em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus: Graça a vós outros e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo.” - Efésios 1:1-3.
Filipenses: “Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus, inclusive bispos e diáconos, que vivem em Filipos: Graça e paz a vós outros da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.” - Filipenses 1:1-2.
Colossenses: “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por vontade de Deus, e o irmão Timóteo: Aos santos e fiéis irmãos em Cristo que se encontram em Colossos: Graça e paz a vós outros da parte de Deus nosso Pai. Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós.” - Colossenses 1:1-3.
I Tessalonicenses: “Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: Graça e paz a vós outros.” - I Tessalonicenses 1:1.
II Tessalonicenses: “Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em Deus nosso Pai e no Senhor Jesus Cristo: Graça e paz a vós outros da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo.” - II Tessalonicenses 1:1-2.
I Timóteo: “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pelo mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, nossa esperança, a Timóteo, verdadeiro filho na fé: Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor.” - I Timóteo 1:1-2.
II Timóteo: “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus, de conformidade com a promessa da vida que está em Cristo Jesus, ao amado filho Timóteo: Graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus nosso Senhor.” - II Timóteo 1:1-2.
Tito: “Paulo, servo de Deus, e apóstolo de Jesus Cristo... a Tito, verdadeiro filho, segundo a fé comum: Graça e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus nosso Salvador.” - Tito 1:1 e 4.
Filemom: “Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus, e o irmão Timóteo, ao amado Filemom... Graça e paz a vós outros da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.” - Filemom 1 e 3.
Por que Paulo, em suas saudações, não se apresenta como servo de Deus Pai, de Jesus e do Espírito Santo? Por que não lemos versos como “graça e paz a vós outros da parte de Deus nosso Pai, do Senhor Jesus Cristo e do Espírito Santo”? Estaria Paulo ignorando a terceira pessoa da trindade em todas as suas saudações?

O Pai e o Filho no Apocalipse

Quem lê e relê o livro da Revelação, o Apocalipse, é um bem-aventurado pois terá uma compreensão ampliada do plano da salvação e da libertação protagonizada pelo Cordeiro de Deus.
O Apocalipse em nenhum momento sugere a existência de uma trindade, pelo contrário, apresenta o Pai e o Filho como protagonistas já desde o início:
“Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer.” - Apocalipse 1:1.

Adoração a Deus e ao Filho

A mensagem do primeiro anjo é enfática sobre quem devemos prestar a adoração:
Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” - Apocalipse 14:7.
Quem são estas duas pessoas a quem devemos temer e adorar? (1) O Deus do juízo - Não há dúvidas de que está-se falando de Deus Pai, o Ancião de Dias, visto por Daniel “executando o juízo a favor dos Santos” (Daniel 7:22) (2) Cristo, o Criador - “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (João 1:3).  É evidente que Cristo tem participação fundamental no juízo assim como o Pai teve participação na criação. O que deve ser destacado neste verso é a menção de apenas duas pessoas sendo dignas de adoração. Você consegue lembrar de algum texto da Bíblia que diga que o Espírito Santo deve ser adorado ou louvado? Veja o que diz o Apocalipse:
“Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos. E os quatro seres viventes respondiam: Amém; também os anciãos prostraram.” - Apocalipse 5:13-14.

Na Fronte dos 144 Mil

O Apocalipse revela o que será escrito nas frontes dos 144 mil. Veja que interessante!
“Olhei, e eis o Cordeiro em pé sobre o monte Sião, e com ele os cento e quarenta e quatro mil tendo nas frontes escrito o seu nome e o nome de seu Pai.” - Apocalipse 14:1
Haverá apenas dois nomes nas frontes dos 144 mil: (1) O Nome do Cordeiro que é Jesus ou Yeshua (em hebraico) e (2) O nome do seu Pai que é Jeová ou Yahweh (em hebraico). O Apocalipse não diz que um terceiro nome, o nome do Espírito Santo, seria escrito nas frontes dos 144 mil. Por quê? É simples. Os espíritos não têm nome próprio. Por isso eles acabam recebendo o nome do seu possuidor, por exemplo, o espírito de João é chamado simplesmente de espírito do João assim como o Espírito de Deus é chamado de Espírito de Deus ou Espírito Santo de Deus. Em nenhum lugar na Bíblia é revelado o nome do Espírito Santo, pois ele é o próprio pneuma de Deus. Prezado amigo. Qual é o seu nome? Você tem um espírito (pneuma)? Qual é o nome do seu espírito?
Enfim, a dualidade Deus Pai e Deus Filho é abundante no Apocalipse. Citemos mais dois versos bem conhecidos:
“Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, o que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus.” - Apocalipse 12:17.
“Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” - Apocalipse 14:12.

O Pai e o Filho no Trono

A conclusão do livro de Apocalipse contém promessas maravilhosas para todos os cristãos. O último capítulo da Bíblia começa descrevendo o rio da água da vida nos seguintes termos:
“Então me mostrou o rio da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro.” - Apocalipse 22:1.
O livro do Apocalipse menciona apenas o trono de Deus e do Cordeiro. Onde está o trono do Espírito Santo? O verso 3 do mesmo capítulo repete a informação:
“Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão.” - Apocalipse 22:3.
Não é apenas o Apocalipse, mas toda a Bíblia afirma que há apenas dois assentados no trono: O Pai e seu Filho Jesus Cristo assentado a sua direita. Veja outros versos:
“Desde agora estará sentado o Filho do homem à direita do Todo-poderoso Deus.” - Lucas 22:69.
“Jesus... está assentado à destra do trono de Deus” - Hebreus 12:2 u.p.
Confira outros versos que afirmam que Cristo está á direita de Deus, mas não indicam a posição relativa do Espírito Santo neste trono: Mateus 22:44; 26:64; Marcos 12:36; 14:62; 16:19; Lucas 20:42 e 43; Atos 2:33-35; 7:55 e 56; Romanos 8:34; Efésios 1:20; Colossenses 3:1; Hebreus 1:3 e 13;  8:1; 10:12; I Pedro 3:22; Apocalipse 5:1-7.


Nesta seção vamos comentar alguns textos bíblicos comumente usados para defender a teoria da trindade e o Espírito Santo como sendo uma pessoa distinta. Com a crescente aceitação por parte dos estudiosos de que I João 5:7 e 8 foi uma adição posterior à elaboração do original, estando já ausente de muitas versões fiéis ao original, a responsabilidade de sustentar a teoria trinitariana recaiu fortemente sobre Mateus 28:19 e João 14:16, que falam respectivamente sobre o batismo “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” e sobre o “outro” Consolador prometido por Cristo.
Além destes textos, os defensores da teoria da trindade costumam alegar que algumas ações do Espírito de Deus são próprias de pessoas, além disso existem versos que citam o Pai, o Filho e o Espírito. Tais referências, segundo os trinitarianos, serviriam como evidências da existência da trindade. Antes de comentar estes textos, é importante ressaltar que a palavra trindade não aparece em nenhum lugar na Bíblia e que esta teoria foi aceita como doutrina apenas por volta do quarto século da era cristã. Abordaremos alguns aspectos históricos na próxima seção.

“Estes Três São Um” - I João 5:7

Não há dúvidas. Este texto é o único que afirma claramente que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são um sem necessidade de interpretação particular. Seria uma prova perfeita da existência da trindade, caso não fosse um texto comprovadamente apócrifo, um texto adicionado posteriormente que não consta nos manuscritos mais antigos.
A maioria das traduções fiéis já omitiu este verso. A Bíblia de Jerusalém, uma das versões mais fiéis ao original que dispomos em português, omite tal verso e adiciona a seguinte nota marginal:
“O texto dos vv. 7-8 está acrescido na Vulgata de um inciso ausente dos antigos mss gregos, das antigas versões e dos melhores mss da Vulgata, o qual parece ser uma glosa marginal introduzida posteriormente no texto.”
Na edição João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada  I João 5:7 está entre colchetes com a seguinte explicação no início do Novo Testamento:
“Todo conteúdo entre colchetes é matéria da Tradução de Almeida, que não se encontra no texto grego adotado.”
O Novo Testamento Trilíngüe das Edições Vida Nova mostra simultaneamente a versão em Grego do Novum Testamentum Graece Nestlé-Aland, 4ª Edição, a versão em Português Almeida Revista e Atualizada 2ª Edição e o texto em Inglês da New International Version, onde os textos dos três idiomas estão dispostos lado a lado e podem ser comparados facilmente pelo leitor. Repare que apenas a versão em Português contem a adulteração Trinitariana.
A nota de rodapé do texto grego diz o seguinte:
“O texto dos versículos 7 e 8 entre colchetes na Almeida Revista e Atualizada nunca fez parte do original. Os manuscritos mais antigos que contém o texto são da Vulgata Latina do século XVI.”
Percebe-se claramente que houve uma ousada tentativa de adulteração da Palavra de Deus a fim de introduzir o dogma da Santíssima Trindade que nunca esteve claro na Bíblia. Será que esta foi a única tentativa dos padres trinitarianos? Ou será que eles tentaram adulterar outros textos para tornar do dia para a noite a doutrina da trindade um ensino bíblico? Quantos textos bíblicos foram adulterados em favor da teoria trinitariana?
É muito difícil responder a estas questões pois não temos o original grego escrito pelos apóstolos. É relativamente fácil identificar uma adulteração trinitariana feita no século 16 (exemplo I João 5:7), mas o mesmo não pode se afirmar com relação a adulterações mais antigas, principalmente as adulterações anteriores ao quarto século.
Apesar de haver evidências suficientes de que alterações foram feitas para “beneficiar” algumas doutrinas pagãs, podemos confiar na Palavra de Deus pois ela mantém a verdade original sem perda de essência. Mesmo que haja algum tipo de adulteração, o Senhor nos revelará como fez com I João 5:7 através de provas incontestáveis ou através de fortes evidências como veremos a seguir.

Batismo em Nome do Espírito Santo? - (Mateus. 28:19)

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” - Mateus 28:19.
Com a generalizada aceitação de que I João 5:7 é um texto espúrio, o peso da defesa da trindade caiu fortemente sobre Mateus 28:19 que passou a ser o verso preferido dos defensores da teoria da trindade. A razão é simples: nenhum outro verso bíblico coloca no mesmo patamar o Pai, o Filho e o Espírito Santo, ou seja, a famosa e consagrada expressão “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” não aparece em nenhum outro lugar na Bíblia - apenas em Mateus 28:19.
No entanto, esta fórmula batismal tem trazido controvérsia entre os estudiosos por diversas razões:
·         A sugestão de existência de uma trindade não se coaduna com a crença do público alvo do livro (os judeus).
·         O contexto (verso 18) diz que a autoridade foi dada a Cristo o que sugeriria, naturalmente, uma ação posterior em nome de quem tem e delega a autoridade, no caso, em nome de Cristo Jesus apenas.
·         Os batismos realizados posteriormente pelos discípulos foram em nome de Jesus apenas.
·         Todas as orientações de Cristo e as ações dos discípulos (orações, milagres, expulsão de demônios, advertências, reuniões e pregações,...) foram em nome de Jesus e não em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
·         Há evidências tangíveis de que a fórmula batismal trinitariana não conste do original, mas tenha sido adicionada posteriormente.
Passaremos a analisar cada uma destas causas de controvérsias, antes porém, algumas palavras importantes sobre a confiabilidade e integridade bíblica.

Integridade Bíblica

“Ao falar acerca destes assunto, como de fato costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles.” - II Pedro 3:16.
O apóstolo Pedro declarou que nas Escrituras Sagradas há certas coisas difíceis de entender. A dificuldade vem em decorrência de alguns fatos incontestáveis: (1) Algumas pessoas “ignorantes e instáveis” aproveitam-se de alguns pontos isolados para impor seus ensinos particulares - ignoram a regra geral e apegam-se fortemente nas exceções. (2) A mensagem de Deus é infinitamente profunda e nós somos limitados. A fonte de que dispomos, a Bíblia, foi escrita em linguagem humana, traduzida para outros idiomas igualmente limitados e sujeitos a falhas de interpretação.
Vamos citar um exemplo da fragilidade da linguagem humana na interpretação de versos isolados:
“Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.” - Lucas 23:43.
Esta célebre promessa de Cristo ao “bom ladrão” é freqüentemente usada por pessoas que acreditam que após a morte o crente vai imediatamente para o paraíso. De fato, se Cristo prometeu que naquele mesmo dia estaria com o ladrão no paraíso, então isso mostra que herdamos o paraíso no mesmo dia de nossa morte. Isso é verdade?
Sabemos que infelizmente, devido a uma fragilidade e limitação do idioma e da tradução, pode haver em um ou outro texto algum tipo de imprecisão. Mas tais imprecisões não devem nos desanimar em estudar com afinco a Palavra de Deus, pelo contrário, é estudando arduamente que teremos uma visão melhor do todo e tais textos poderão ser bem compreendidos sob a luz de outros textos. Acreditamos plenamente que Deus preservou sua Palavra ao longo dos séculos e que não houve perda de sua essência. Quando aparece um verso difícil de entender, que parece contradizer todo o resto da Palavra de Deus, devemos contrastá-lo com outros.
No caso da promessa de Cristo ao “bom ladrão” sabemos que ao longo dos séculos houve uma perda no significado original. Cristo não esteve com o ladrão no paraíso no mesmo dia de sua morte. Outros textos dão evidências claras deste fato: Os ladrões não morreram no mesmo dia (João 19:31) e, além disso, Cristo após sua ressurreição declarou que ainda não havia subido ao seu Pai (João 20:17). Além disso há outros textos que afirmam que a morte é um sono e que haverá a ressurreição no último dia. Portanto, a análise de outros textos nos leva indubitavelmente ao significado correto do texto, que deveria ser: “Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso.”
Cremos que as imprecisões da língua são causa de muitas confusões doutrinárias. Por esta razão o melhor conselho para evitar erros doutrinários em decorrência destas imprecisões é:
Analisar o texto controvertido dentro do seu contexto.
Analisar outros textos bíblicos que abordam o mesmo assunto.
§  Quando possível, recorrer ao original hebraico ou grego para desfazer dúvidas remanescentes.
Acima destas três regras que procuramos obedecer ao elaborar este livro, está a confiança do poder de Deus que, através do seu Espírito, atua em nossa mente nos guiando em toda a verdade. Passemos agora a analisar as dificuldade na interpretação de Mateus 28:19.

Inconsistência com o Público Alvo

Acredita-se que o livro de Mateus tenha sido escrito em aramaico (ao contrário dos demais livros do Novo Testamento que teriam sido escritos em grego). O objetivo de Mateus era alcançar os judeus convencendo-os de que Jesus Cristo era o Messias descrito pelos profetas do Antigo Testamento. Desta forma, causa-nos no mínimo alguma estranheza a menção de uma fórmula batismal que sugira a existência de uma trindade jamais aceita pelos judeus. Isto porque a crença dos judeus se baseia totalmente no Velho Testamento, onde não há qualquer sugestão da existência de uma trindade. Baseados no Velho Testamento, os judeus aceitam um único Deus e a proposta de uma trindade soaria absurda. Ademais, o objetivo de Mateus não era convencê-los da existência de uma trindade, mas mostrar Jesus como o Messias.

Análise Contextual - A Autoridade de Cristo

Como em todo texto controvertido, temos que dedicar tempo e esforço para a compreensão não apenas do verso em questão, mas também do seu contexto. Neste ponto, devemos compreender claramente o que significa fazer algo em nome de alguém.
“Fazer algo em nome de alguém” significa a concessão ou delegação de poder para outra pessoa. Por exemplo, um policial não tem autoridade se esta não lhe fosse dada pela lei. Por isso, ao deter um criminoso em flagrante, o policial poderá dizer: “Preso em nome da Lei”, em outras palavras, “Estou lhe prendendo com a autoridade que a lei me dá”. O poder de prender alguém em flagrante deriva da lei e se estende não apenas às autoridades policiais, mas a toda pessoa comum do povo que testemunha um crime. O artigo 301 do Código de Processo Penal diz que “qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.” Provavelmente você não sabia que a lei do nosso país lhe dá autoridade para prender um criminoso em flagrante e entregá-lo às autoridades. Desta forma, como a autoridade lhe foi dada pela lei, você pode dirigir-se a um criminoso e dar-lhe voz de prisão: “O senhor está preso em nome da lei.” (Por motivos óbvios recomendamos que esta autoridade seja usada com cautela, avaliando muito bem as conseqüências de curto prazo.)
Da mesma forma, um representante de estado, por exemplo, um embaixador, age não por si mesmo, mas em nome de uma nação. O mesmo vale para um delegado, um procurador, um advogado ou qualquer outro representante legal. Este representante, advogado ou procurador age apenas em nome de alguém que tenha lhe dado autoridade para tanto. Por isso podemos afirmar sem medo de errar que existe uma íntima relação entre fazer algo em nome de uma pessoa e a autoridade que esta pessoa confere a outrem.
Imagine que você é enviado pelo Presidente da República a uma repartição pública com uma procuração oficial assinada pelo presidente. Ao chegar você se identifica: “Meu nome é João da Silva e vim em nome do Presidente da República.” Você pode não representar muito para os funcionários desta repartição, mas como você age em nome de alguém que tem autoridade, então é prontamente atendido. Não seria assim se você estivesse representando uma pessoa comum. Imagine-se agora chegando na mesma repartição com uma procuração assinada pelo seu cunhado, Eustáquio Miranda. Você poderia agir em nome do Eustáquio Miranda, mas não teria o mesmo atendimento pois a autoridade do seu cunhado não é comparável à autoridade do presidente.
Estes exemplos simples foram citados apenas para mostrar a forte relação entre fazer algo em nome de alguém e sua autoridade.
Analisando o contexto de Mateus 28:19, especialmente o verso 18, vemos que a autoridade a que Mateus se refere é a autoridade de Cristo e não a autoridade de uma trindade:
“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.” - Mateus 28:18.
Seria esperado, portanto, na sucessão natural da grande comissão, que Jesus comissionasse os discípulos como seus representantes, seus procuradores agindo exclusivamente em seu nome e com a sua autoridade. Mas, surpreendentemente, embora a autoridade seja a de Cristo, a recomendação é que os discípulos batizem em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Isto é, no mínimo, muito estranho! Mas vejamos como os discípulos obedeceram a esta ordem de Cristo.

Em Nome de Quem os Discípulos Batizaram?

O livro de Atos relata vários batismos, mas nenhum deles foi realizado em nome da trindade. Os exemplos que temos da era apostólica demonstram claramente que os batismos foram realizados em nome de Jesus. Vejamos alguns exemplos começando com o apelo de Pedro aos judeus na festa do Pentecostes:
“Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom o Espírito Santo.” - Atos 2:38.
Estaria Pedro, por acaso, desobedecendo a ordem clara do Mestre que o batismo deveria ser realizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo? Por que Pedro recomendou um batismo em nome de Jesus apenas? Vejamos como haviam sido batizados os crentes de Samaria:
“Porquanto não havia ainda descido sobre nenhum deles, mas somente haviam sido batizados em o nome do Senhor Jesus.” - Atos 8:16.
O livro dos Atos também relata que gentios foram batizados em nome de Jesus e não em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo:
“E ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Então lhe pediram que permanecesse com eles por alguns dias.” - Atos 10:48.
O livro dos Atos relata até mesmo casos de rebatismo em Éfeso:
“Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em o nome do Senhor Jesus.” - Atos 19:5.
Por que os discípulos batizaram em nome de Jesus e não em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo? Por que os batismos hoje são em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (baseando-se em apenas um verso e ignorando todos os demais que ensinam que o batismo deve ser em nome de Jesus)?
Em Romanos 6:3 Paulo afirma que “fomos batizados em Cristo Jesus”. Ele nunca afirmou que fomos batizados na trindade.
Exortando sobre a necessidade de unidade em Cristo, Paulo pergunta aos Coríntios:
“Acaso Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós, ou fostes porventura, batizados em nome de Paulo?” - I Coríntios 1:13.
Embora este verso não diga tão claramente quanto os anteriores que o batismo é em nome de Jesus, há uma evidência clara da intenção do apóstolo. Cristo não está dividido. Jesus Cristo foi crucificado em favor dos crentes e estes foram batizados em nome dEle, sugere o verso.
Escrevendo aos Gálatas, Paulo reafirma o que foi dito até o momento:
“Porque todos quantos fostes batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes.” - Gálatas 3:28.
Não apenas os batismos foram realizados em nome de Cristo, mas todas as palavras e obras dos cristãos devem ser em nome de Jesus Cristo (não em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo).

Tudo em Nome de Jesus Cristo

“E tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” - Colossenses 3:17.
Paulo recomenda que tudo deve ser feito em nome de Jesus. O que está incluído nesta expressão “tudo”? Todas as coisas estão incluídas aqui (inclusive batismos). É hora de você pegar sua Bíblia e conferir os versos abaixo.
ð As orações devem ser feitas em nome de Jesus, não em nome de uma trindade. Veja vários exemplos: João 14:13 e 14; João 15:16; João 16:24, 26 e 27; Tiago 5:14.
ð Advertências, admoestações e repreensões foram feitas em nome de Jesus, nunca em nome da trindade.  Confira: I Cor. 1:10; 5:4; II Tess. 3:6.
ð Nenhum milagre foi feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, mas em nome de Jesus. Abra sua Bíblia e leia os seguintes versos: Mat. 7:22; Mar. 9:38-40; Mar. 16:15-18; Luc. 10:17; Atos 3:6; 4:7-12; 4:30; 16:18.
ð Obras de caridade também foram realizadas em nome de Jesus. Veja: Mat 18:5; Mar. 9:37 e 41; Luc. 9:48.
ð Até mesmo reuniões espirituais e pregações devem ser realizadas em nome de Jesus, não em nome da trindade. Leia estes exemplos: Mat. 18:20; Luc. 24:46 e 47; Atos 4:18; 9:27 e 29; Efés. 5:20; Tiago 5:10.
ð O mais impressionante é que até mesmo o Espírito é enviado em nome de Jesus conforme João 14:26.
ð Enfim, como diz Paulo, tudo deve ser feito em nome de Jesus, pois nossa salvação é também em nome do nosso Senhor Jesus Cristo. Veja Atos 4:12; João 20:31; I Cor. 6:11.











A Autenticidade de Mateus 28:19

Diante de tantas inconsistências e incompatibilidades com o restante dos escritos sagrados, Mateus 28:19 tem sua autenticidade questionada. A história demonstra que na era apostólica batizava-se apenas em nome de Jesus, sendo que batismos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo só foram realizados muitos anos após a morte dos apóstolos. Vejamos o que as enciclopédias dizem a respeito da origem da trindade e do batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo:
Enciclopédia Britânica: "A fórmula batismal foi mudada do nome de Jesus Cristo para as palavras Pai, Filho e Espírito Santo pela Igreja Católica no 2º Século." - 11a Edição, Vol.3 - págs. 365-366. (em inglês)... "Sempre nas fontes antigas menciona que o batismo era em nome de Jesus Cristo." - Volume 3 pág.82.
Enciclopédia da Religião - Canney: "A religião primitiva sempre batizava em nome do Senhor Jesus até o desenvolvimento de doutrina da trindade no 2° Século." - pág. 53 (em inglês).
Nova Enciclopédia Internacional: "O termo "trindade" se originou com Tertuliano, padre da Igreja Católica Romana." - Vol. 22 pág. 477 (em inglês).
Enciclopédia Da Religião - Hastings: "O batismo cristão era administrado usando o nome de Jesus. O uso da fórmula trinitariana de nenhuma forma foi sugerida pela história da igreja primitiva; o batismo foi sempre em nome do Senhor Jesus até o tempo do mártir Justino quando a fórmula da trindade foi usada." - Vol.2 pg 377-378-389 (em inglês)
O Pastor Adventista do Sétimo Dia Alejandro Bullón, no livro “O Terceiro Milênio” fala de alguns conflitos internos enfrentados pela igreja da idade média por causa de doutrinas estranhas:
“Naquele período, a Igreja cristã passou a ter conflitos internos por causa de doutrinas estranhas que pretendiam misturar-se às verdades bíblicas. Entre as doutrinas em conflito, podemos mencionar: o pecado original, a trindade, a natureza de Cristo, o papel da virgem Maria, o celibato e a autoridade da Igreja.” - O Terceiro Milênio e as Profecias do Apocalipse - Alejandro Bullón - págs. 41 e 42.
A Bíblia de Jerusalém incluiu o seguinte comentário de rodapé a respeito de Mateus 28:19:
“É possível que, em sua forma precisa, essa fórmula reflita influência do uso litúrgico posteriormente fixado na comunidade primitiva. Sabe-se que o livro dos Atos fala em batizar “no nome de Jesus”. Mais tarde deve ter-se estabelecido a associação do batizado ás três pessoas da trindade.”

Mateus 28:19 Original e a Crítica Textual

Crítica textual é o método utilizado por estudiosos para se conhecer o texto original, ou, pelo menos, chegar próximo do original. Metodologias foram desenvolvidas neste sentido pois sabe-se que as versões que chegam até nós, após várias cópias e traduções, raramente vem com 100% de precisão. Hoje existem, espalhados por museus e bibliotecas no mundo inteiro, aproximadamente 5500 manuscritos que vão desde fragmentos de papiro até Bíblias completas produzidas após a invenção da imprensa.
É fato comprovado que há muitas diferenças entre estes manuscritos e como não temos acesso ao original, surgem as questões: Qual destes manuscritos é o mais confiável? Qual está mais próximo da versão original?
Muitos cristãos acreditam que Deus preservou cada ponto e cada vírgula das Escrituras, mas os 5500 manuscritos e as fontes históricas de que dispomos mostram que houve mudanças nas Escrituras e que há necessidade de buscas, comparações e estudos para se chegar à versão mais próxima do original. Temos absoluta confiança de que Deus inspirou a versão original e preservou a essência da mensagem bíblica, mas a diversidade de manuscritos demonstra que houve erros de copistas e possíveis adulterações. É por esta razão que existe a crítica textual, uma forma de buscar as versões mais fiéis e que mantêm uma coerência interna.
O ideal seria termos à nossa disposição os documentos originais do Novo Testamento escritos pelos próprios apóstolos ou, pelo menos, cópias do primeiro ou segundo séculos. Mas infelizmente devido à grande perseguição que a igreja sofreu nos primeiros séculos da era cristã, muitos documentos sagrados foram destruídos neste período. Portanto, não temos à nossa disposição os originais do Novo Testamento nem manuscritos dos três primeiros séculos. Em 303 a.d. Diocleciano, o imperador romano, ordenou que as propriedades dos cristãos fossem confiscadas e que seus escritos sagrados fossem destruídos. Só alguns anos depois outro imperador, Constantino, “converteu-se” ao cristianismo, cessou as perseguições e promoveu a difusão dos escritos sagrados.
O problema da crítica textual não é a falta de manuscritos, mas o excesso. Diante de tantos manuscritos diferentes, como a crítica textual decide qual é a melhor versão? A primeira fonte de estudos para a crítica textual são os manuscritos antigos. As fontes históricas idôneas também servem como subsídio para os estudiosos e críticos textuais. Uma fonte utilizada pela crítica textual são as citações bíblicas feitas pelos escritores e historiadores religiosos dos primeiros séculos. Neste período a produção literária sacra foi muito grande e a citação da Bíblia era muito comum. Estes escritores dos primeiros séculos baseavam-se em cópias manuscritas do Novo Testamento mais antigas e confiáveis do que as que dispomos hoje. Por esta razão estas citações de versos bíblicos feitas por autores antigos são de grande valor para a crítica literária. Há quem afirme que a quantidade de citações bíblicas nas obras destes escritores sacros é tão grande que seria possível, mesmo sem os manuscritos bíblicos, reconstituir praticamente toda a Bíblia baseado-se apenas nas citações destes autores. Exagero ou não, vale a pena levar em conta tais citações se estas podem nos auxiliar numa conclusão sobre qual seria o texto mais próximo do original no caso de Mateus 28:19.
Veremos na parte final deste livro um pouco da história da doutrina da Santíssima Trindade. Falaremos um pouco sobre o Concílio de Nicéia realizado no quarto século e sobre o estabelecimento da doutrina da Santíssima Trindade pela Igreja Católica. Infelizmente os manuscritos mais antigos do Novo Testamento de que dispomos hoje e nos quais nossas Bíblias são baseadas são posteriores ao Concílio de Nicéia e contém a fórmula batismal “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, mas as citações bíblicas de historiadores baseados em manuscritos anteriores a este Concílio nos mostram algo muito interessante!
Eusébio de Cesaréia (270-340 a.d.), conhecido como o pai da história da igreja, foi provavelmente o maior historiador da igreja dos primeiros séculos. Sua obra é vasta e ele é considerado um dos preservadores da literatura sacra em sua época. Embora não tenha se destacado pela criatividade e originalidade, Eusébio goza de boa reputação no tocante à sua precisão. Não temos espaço suficiente para discorrer com detalhes acerca da obra e influência de Eusébio de Cesaréia, mas sabemos que ele baseou seus escritos em manuscritos anteriores e mais fidedignos do que os que temos hoje. No início do quarto século, Eusébio citou Mateus 28:19 diversas vezes em comentários sobre Salmos, Isaías, e em obras como Demonstratio Evangelica e Teofania. Também citou este verso em  História da Igreja. Na maioria das vezes suas citações de Mateus 28:19 eram muito semelhantes a esta:
“Ide e fazei discípulos de todas as nações em meu nome, ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho ordenado.”
É importante ressaltar que toda a doutrina deve ser obtida da pura Palavra de Deus, não de escritos de homens, por mais fidedignos que eles sejam. Estes historiadores viveram em tempos de grande escuridão espiritual quando o paganismo sutilmente penetrava na igreja. Por esta razão, nosso objetivo ao mencionar as citações de Eusébio é apenas usar o testemunho dos escritores dos primeiros séculos como evidência histórica de que a versão original muito provavelmente tenha sido adulterada. Ao fazer tais citações de Mateus 28:19, Eusébio usou manuscritos mais antigos e mais fidedignos do que os que temos hoje.
A. Ploughman, um estudioso inglês, se interessou em pesquisar a fundo as citações de Mateus 28:19 na obra de Eusébio. A. Ploughman contou 18 citações de Eusébio contendo o batismo em nome de Jesus. Segundo a Enciclopédia de Religião e Ética, Eusébio citou 21 vezes a comissão de Mateus 28, ou omitindo tudo entre “nações” e “ensinando-os” ou, na forma mais frequente, “fazei discípulos de todas as nações em meu nome”.
É interessante notar que no final de sua vida, após o Concílio de Nicéia, Eusébio incluiu em obras como “Contra Marcelo de Ancira” e “Sobre a Teologia da Igreja” citações de Mateus 28:19 incluindo o batismo em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo. Isto revela a influência poderosíssima exercida pelo Concílio de Nicéia em favor da trindade, afetando a produção da literatura sacra no quarto século.
Fica claro, não apenas pelas evidências provenientes da crítica textual, bem como da análise do contexto de Mateus 28:19 e por outras passagens bíblicas, que a autenticidade do verso em questão é bastante questionável e, portanto, não deve ser utilizado para provar qualquer doutrina. Ademais, é sempre conveniente lembrar que nenhuma doutrina bíblica pode ser estabelecida com base em apenas um verso. Essa regra é um consenso entre os teólogos e estudiosos da Bíblia. Por isso, batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo é quebrar este princípio e, mais do que isso, desprezar as abundantes evidências bíblicas de que o batismo deve ser realizado em nome de Jesus.

Outras versões de Mateus 28:19

Qual é a melhor versão para Mateus 28:19? Como dissemos, a escolha da melhor versão depende dos critérios de crítica textual adotados pelos responsáveis pela edição de cada versão bíblica.
Em 1960, a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira publicaram um Novo Testamento em Grego e a alternativa apresentada para Mateus 28:19 foi “en to onomati mou” (“em meu nome”). Eusébio foi citado como autoridade em favor desta versão.
Algumas Bíblias que provavelmente utilizam-se de outros critérios na crítica textual adotam outras versões para estes textos controversos. O Evangelho de Mateus em Hebraico de George Howard[2] é um exemplo que não contem a fórmula batismal em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.




(Hebrew Gospel of Matthew-George Howard - 1995 - ISBN 0-86554-470-0)
A tradução em inglês que consta no mesmo volume é a seguinte:




Uma possível tradução de Mateus 28:19 para o português é a seguinte:
“Jesus, aproximando-se deles, disse-lhes: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide e ensinai-os a observar todas as coisas que vos ordenei para sempre.” - Mateus 28:18-20 (Na Tradução do Evangelho de Mateus em Hebraico)

Versos com Deus, Jesus e o Espírito

Alguns versos do Novo Testamento citam Deus Pai, Jesus e o Espírito. Os defensores da teoria da trindade usam tais versos para tentar provar que o Espírito Santo é uma pessoa assim como o Pai e como Jesus. Então alegam que tais versos comprovam a existência da trindade. Vejamos alguns exemplos.

O Batismo de Jesus

 “Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o me Filho amado, em quem me comprazo.” - Mateus 3:16 e 17.
A Bíblia em nenhum momento diz que o espírito que desceu em forma de pomba era uma terceira pessoa, pelo contrário, afirma claramente que se tratava do próprio Espírito (pneuma) do Pai. O verso mostra uma manifestação dupla do Pai: manifestou-se através do seu Espírito e da sua voz. Se através deste verso chega-se à conclusão de que o espírito é uma pessoa, também poderíamos chegar à conclusão de que a voz de Deus também é uma pessoa. Por que não? Só porque o Espírito está escrito com inicial maiúscula e a voz com inicial minúscula? Sempre devemos lembrar que isso é uma convenção adotada em português, pois no original grego não havia tal distinção.

A Bênção de II Coríntios 13:13

“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.” - II Coríntios 13:13 (ou 14 em algumas traduções)
A doutrina da trindade ensina que Deus é o primeiro, também chamado de “primeira pessoa da trindade”, Jesus Cristo é a segunda pessoa e, finalmente, o Espírito Santo é a terceira pessoa da trindade. Este é o ensino clássico trinitariano. Mas parece que esta seqüência de primeira, segunda e terceira pessoa não estava muito clara para o apóstolo Paulo. Perceba que Jesus Cristo é o primeiro a ser mencionado em II Coríntios 13:13. Ora, se a doutrina da trindade que se ensina hoje fosse um consenso entre os apóstolos, Paulo certamente obedeceria a ordem das pessoas, no entanto não o fez. Outro verso utilizado pelos trinitarianos é I Pedro 1:2, mas neste verso é Jesus Cristo que aparece como a terceira pessoa de uma suposta trindade.
Além deste problema na forma, os trinitarianos enfrentam um problema de conteúdo ao lidar com II Coríntios 13:13. Ao lerem este trecho, interpretam precipitadamente que nossa comunhão deve ser com a terceira pessoa da trindade. Mas não é isso que o apóstolo diz. Paulo é claro quando afirma “e a comunhão do Espírito Santo”, não diz a comunhão com o Espírito Santo.
Graças a outros textos da Bíblia, não precisamos ser enganados neste ponto. Nossa comunhão é com o Pai e com o Filho, através do Espírito. Deus não pode se manifestar em toda sua glória diante de olhos pecadores e Cristo não está mais conosco em carne. Portanto, toda comunhão e comunicação que temos com o Pai e com o Filho é através do pneuma (o próprio Espírito do Pai e do Filho).
“Ora a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.” - I João 1:3.
Agora sim! Comunhão com o Pai e com o Filho!

Trindade com Anjos?

Há outros versos na Bíblia que citam o Pai, Jesus e o Espírito, mas nenhum deles serve como evidência de que exista uma trindade. Por quê? Pois o simples fato de um verso citar o Pai, Jesus e o Espírito não significa que o Espírito seja uma pessoa e que, juntamente com o Pai e com o Filho, componha uma trindade. Senão o que diríamos com relação a Mateus 24:36?
“Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai.” - Mateus 24:36.
Da mesma forma Mateus 16:27 cita o Filho, o Pai e os Anjos, mas não cita o Espírito Santo. Isto não significa, em hipótese alguma, que Pai, Filho e Anjos componham uma trindade.
“Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos” - Mateus 16:27.
Há outros versos que citam o Pai, o Filho e os anjos (Marcos 8:38; Marcos 13:32; Lucas 9:26). Porventura tais versos indicam que Pai, Filho e Anjos compõem uma trindade celestial? Absolutamente não! O fato dos três aparecerem no mesmo verso não significa absolutamente nada na relação de um para com o outro. O objetivo do autor, ao escrever tais versos, não foi indicar que existe uma trindade. Da mesma forma, quando lemos um verso que menciona o Pai, o Filho e o Espírito Santo, não devemos concluir que pelo fato de aparecerem juntos tal verso seja uma evidência da existência da trindade.

O Espírito Santo e Seus “Atributos e Ações Pessoais”

Algumas pessoas defendem que o Espírito Santo é uma pessoa pois alguns adjetivos (atributos) e verbos (ações) relacionados ao Espírito são típicos de seres pessoais. Por exemplo:
“Não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.” - Efésios 4:30.
“Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis.” - Romanos 8:26.
“Porque não sois vós que falais, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós.” - Mateus 10:20
“Apenas uma pessoa pode se entristecer”, alegam os trinitarianos. “Só uma pessoa pode ajudar, interceder e falar”. Os defensores da trindade afirmam que se o Espírito de Deus se entristece, ajuda, intercede e fala, então ele é uma pessoa divina! Este argumento faz sentido?
A Bíblia emprega diversas figuras de linguagem, inclusive atribuindo ao Espírito qualidades e ações típicas do seu possuidor (um ser pessoal). Isto não significa que o Espírito seja uma outra pessoa. A prova deste fato são os muitos exemplos de atributos e ações pessoais atribuídos também a espíritos de seres humanos.
O espírito do apóstolo Paulo orava: O meu espírito ora de fato.” (I Cor. 14:14). Como um espírito (pneuma) de um homem pode orar se esta é uma ação pessoal? Seria, porventura, o espírito de Paulo uma segunda pessoa, além de Paulo? O verso seguinte explica: “Orarei com o meu espírito... Cantarei com o espírito.” (I Cor. 14:15). É claro que quem orava e cantava era o próprio Paulo.
Lucas, autor do livro dos Atos, relatou que o espírito de Paulo se revoltou (Atos 17:16): “Enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se revoltava em face da idolatria dominante na cidade”. Ora, revoltar-se é uma ação pessoal. Só um ser com autonomia e percepção pode se revoltar, mas a Bíblia diz que o espírito de Paulo se revoltou. Seria, porventura, o espírito de Paulo uma entidade pessoal independente do seu possuidor (Paulo)? Absolutamente não! Novamente aqui temos uma figura de linguagem. Quem se revoltou com a idolatria da cidade foi o próprio Paulo.
Há muitos outros exemplos na Bíblia onde espíritos de seres humanos são descritos com atributos pessoais ou realizando (ativa ou passivamente) ações típicas de seres pessoais. Veja alguns na tabela a seguir.
Texto
Sujeito
Ação / Atributo Pessoal
Gênesis 41:8
Espírito de Faraó
Perturbado
Esdras 1:1
Espírito de Ciro
Foi Despertado
Jó 6:4
Espírito de Jó
Sorver (Sugar) o Veneno
Jó 20:3
Espírito de Jó
Responde por Ele
Salmo 73:21
Espírito de Asafe
Amargurado
Salmo 77:3
Espírito de Asafe
Desfalece
Salmo 143:7
Espírito de Davi
Desfalece
Isaías 26:9
Espírito de Isaías
Buscou a Deus
Ezequiel 3:14
Espírito de Ezequiel
Excitou-se
Daniel 2:1-3
Espírito de Nabucodonosor
Perturbou-se
Atos 17:16
Espírito de Paulo
Revoltou-se
I Coríntios 14:14 e 15
Espírito de Paulo
Ora e Canta
I Coríntios 16:18
Espírito de Paulo
Recreou-se
II Coríntios 7:13
Espírito de Tito
Recreou-se
Obs: Dependendo da tradução utilizada os atributos / ações podem sofrer alguma alteração.
Concluímos que quando a Bíblia diz que o espírito de alguém se entristeceu, então trata-se de uma figura de linguagem. Literalmente, quem se entristeceu foi a pessoa, o possuidor do espírito, não o seu espírito. Quando o salmista diz que o seu espírito estava amargurado, na realidade quem estava amargurado era o próprio salmista.
Isso vale também para o Espírito de Deus. Quando a Bíblia diz que alguém mentiu para o Espírito de Deus, na verdade isso significa que mentiram para o próprio Deus. Quando diz que o Espírito intercede, certamente está se referindo a Cristo, nosso único intercessor e mediador:
“É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós.” - Romanos 8:34.
“Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.” - I Timóteo 2:5.

Adjetivos Tríplices

Muitas pessoas, na tentativa desesperada de encontrar textos que apóiem suas idéias, acabam buscando subsídios em trechos que nada tem a ver com o assunto da trindade. Entre estes trechos, podemos citar um grupo muito interessante: o grupo dos adjetivos tríplices. Em alguns versos das Escrituras Sagradas algum adjetivo relacionado a Deus é repetido três vezes e por esta razão alguns interpretam que cada menção do adjetivo refere-se a uma pessoa da trindade. Vamos citar dois exemplos:
“E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.” - Isaías 6:3.
“E os quatro seres viventes... proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, aquele que era, que é e que há de vir.” - Apocalipse 4:8.
Na falta de textos que comprovem claramente a trindade, estas pessoas são capazes de incluir até mesmo Números 6:24-26 como evidência da existência do Deus-Triúno apenas pelo fato deste texto citar a palavra “Senhor” três vezes:
“O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto diante de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e lhe dê a paz.” - Números 6:24-26.
Ora, tais texto não provam e nem mesmo servem como evidência de que nosso Deus é um Deus tríplice. A intenção do autor ao repetir três vezes uma palavra é dar ênfase e chamar a atenção do leitor. Este recurso literário é prática relativamente comum entre os autores bíblicos. Veja estes exemplos:
“Ó terra, terra, terra! Ouve a palavra do Senhor.” - Jeremias 22:29.
“Ao revés, ao revés, ao revés a porei, e ela não será mais, até que venha aquele a quem pertence de direito, e a ele  darei.”  - Ezequiel 21:27.
Estariam, porventura, os profetas sugerindo uma trindade de terras ou de revezes? Logicamente não! A tríplice repetição é apenas um recurso para chamar a atenção para determinado fato ou característica, uma forma de enfatizar um conceito.
O livro “Gramática Elementar da Língua Hebraica” de Hollenberg & Budde ensina que a forma repetida de um adjetivo em hebraico além de lhe comunicar ênfase, também serve como superlativo absoluto. Desta forma, “Santo, Santo, Santo” poderia ser entendido como “Santíssimo”.

A Blasfêmia Contra o Espírito Santo

“Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do homem ser-lhe-á isso perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir.” - Mateus 12:31 e 32.
Este é outro texto que às vezes é usado por defensores da trindade. Digo “às vezes” porque o texto, se lido com atenção, mais compromete a visão trinitariana do que a favorece. Afinal de contas se existe apenas um Deus com três pessoas divinas que possuem o mesmo caráter e os mesmos atributos espirituais, por que o Pai é rico em misericórdias (Êxodo 34:6), o Filho é perdoador (Lucas 7:48 e 49), mas a terceira pessoa da trindade é implacável, ou seja, não tolera pecados contra ela? A três pessoas da divindade não têm o mesmo caráter? Por que existe esta distinção de pecados contra o Filho do homem e pecados contra o Espírito Santo? Vamos tentar entender um pouco mais esta questão do pecado imperdoável.
A blasfêmia contra o Espírito Santo é um dos assuntos que causa mais preocupação nos cristãos. (Em geral costuma-se usar a expressão “pecado contra o Espírito Santo”, mas a Bíblia fala que o pecado imperdoável é a “blasfêmia contra o Espírito Santo”). Quando eu era criança ouvi um sermão sobre o pecado contra o Espírito Santo onde o pregador enfatizava que este era o único pecado para o qual não havia perdão. Confesso que após ouvir este sermão, fiquei incomodado durante várias semanas me perguntando se já teria cometido este tipo de pecado. Orava a Deus para que ele abrisse uma exceção e me perdoasse se acaso eu tivesse cometido o pecado imperdoável. Todos os cristãos já ouviram que o pecado contra o Espírito Santo é imperdoável, mas poucos sabem o que é na prática a blasfêmia contra o Espírito Santo.
Segundo a explicação tradicional, o pecado contra o Espírito Santo consiste na resistência contra a obra do Espírito de nos convencer do pecado. Quando o Espírito de Deus atua em nossa consciência, mostrando um pecado, e resistimos à voz de Deus, então esta voz tende a diminuir. Chamamos popularmente este processo de cauterização da consciência, ou seja, o pecado se torna algo tão comum que a voz de Deus não mais é ouvida e o pecador não sente mais a necessidade de perdão. Embora este processo seja real, será que Cristo se referia à cauterização da consciência quando mencionou a blasfêmia contra o Espírito Santo? Para respondermos a esta questão vamos analisar o contexto de Mateus 12 e também de Marcos 3, os dois capítulos que mencionam o pecado da blasfêmia contra o Espírito Santo.
De acordo com Mateus 12:22-32 e Marcos 3:20-30, Jesus estava sendo acusado de expulsar demônios pelo poder de Belzebu, o maioral dos demônios. Cristo afirmou que foi através do Espírito Santo que o demônio foi expulso:
“Se, porém, eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós.” - Mateus 12:28.
Lucas ao mencionar o mesmo episódio, em vez de utilizar “Espírito de Deus”, utiliza-se da expressão “dedo de Deus”.
“Se, porém, eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós.” - Lucas 11:20.
Compare estes dois últimos versos bíblicos que citamos: Mateus 12:28 e Lucas 11:20. O Espírito de Deus é, simbolicamente, o dedo de Deus. O dedo de Deus indica a forma como Deus age, neste caso age através do seu Espírito (pneuma). Perceba que os evangelistas ora se referem ao Espírito como Espírito Santo, ora como Espírito de Deus. Já vimos que são expressões equivalentes.
Mas a questão principal permanece. Cristo afirmou que os pecados contra o Filho do Homem seriam perdoados, mas contra o Espírito Santo não seriam perdoados. O que Cristo quis dizer com isto?
Cristo referia-se a si mesmo como “Filho do Homem”, ressaltando assim sua humanidade. Outros o reconheciam como “Filho de Deus”, uma clara referência à sua divindade. Cristo, ao chamar a atenção para a sua condição humana, fazia questão de ressaltar que suas obras eram feitas pelo poder do Pai, através do Espírito de Deus que lhe foi concedido. O contexto do episódio que analisamos deixa claro que o pecado imperdoável cometido pelos escribas e fariseus foi a insistente negação da atuação do Espírito de Deus nas obras de Cristo, considerando tais obras como fruto da atuação do diabo. É este o pecado imperdoável: a blasfêmia contra o Espírito Santo. Sempre que o Espírito de Deus atuar poderosamente e tal fato for interpretado como uma atuação do diabo, isto constituirá uma blasfêmia contra o Espírito Santo.
Outros versos podem nos ajudar a confirmar qual é o pecado imperdoável: deixar de reconhecer as obras de Deus diante das evidências:
“Respondeu-lhes, Jesus:  Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado.” - João 9:41.
“Se eu não viera, nem lhes houvera falado, pecado não teriam; mas agora não têm desculpa do seu pecado... Se eu não tivesse feito entre eles tais obras, quais nenhum outro fez, pecado não teriam; mas agora não somente têm eles visto, mas também odiado, tanto a mim, quanto a meu Pai.” - João 15:22 e 24.
Estes dois versos abrem o horizonte de compreensão dos pecados que podem e que não podem ser perdoados. O pecado imperdoável é testemunhar as obras e evidências de Deus e considerá-las como algo do demônio. É rejeitar as evidências claras do poder de Deus, considerando-as como obras de Satanás. Para este pecado não há perdão. “Se fosseis cegos”, disse Jesus, “não teríes pecado algum”. Isto significa que se não houvesse evidências visíveis do poder de Deus, a incredulidade da liderança judaica poderia ser justificável, pois neste caso tratar-se-ia de um pecado apenas contra o Filho do homem. Jesus complementa: “Porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado”.
Há pessoas que crêem sem precisar ver - são bem-aventurados. Há outros que precisam ver para crer - Deus pode ajudá-los na falta de fé. Há, porém, um terceiro grupo que, mesmo vendo, não crê - os céticos. E, finalmente, há um quarto grupo: aqueles que vêem as evidências e obras miraculosas de Deus, não crêem e, além disso, atribuem tais obras ao demônio. Estes estão lutando contra Deus e cometendo o chamado pecado para a morte, pelos quais, segundo o apóstolo João, “não digo que rogue” (I João 5:16). É esta a blasfêmia contra o Espírito Santo.
A celebre oração intercessória de Cristo no Calvário, “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”, mostra que os que lhe repartiam as vestes (Lucas 23:34) não haviam cometido o pecado para a morte, o pecado contra o Espírito Santo. De fato, os romanos não haviam tido a mesma oportunidade de testemunhar as obras de Deus através do Filho do homem. Herodes, ao julgar a Cristo, desejava ver sinais, mas Cristo não lhe respondeu com palavras. (Ver Lucas 23:8 e 9). Por isso, o pecado dos soldados romanos foi contra o Filho do homem, um pecado perdoável que mereceu uma oração intercessória de Cristo. Os romanos não pecaram contra o Espírito Santo, pois não tinham observado as evidências e obras de Cristo realizadas através do Espírito de Deus. Cristo disse a Pilatos: “Aquele que me entregou a ti maior pecado tem.” (João 19:11) Quando os romanos testemunharam evidências sobrenaturais não hesitaram em reconhecer a divindade de Cristo.
“O centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus.” - Mateus 27:54.
Muitos crentes sinceros, baseados na tradição trinitariana que receberam e que sempre professaram, podem imaginar que aceitar qualquer outro ensino sobre o Espírito Santo seria um pecado imperdoável. Não estaríamos rebaixando o Espírito de Deus se não o considerarmos como uma pessoa divina? A Bíblia é clara sobre o pecado imperdoável: Blasfemar contra o Espírito Santo é desprezar as abundantes evidências que temos à nossa disposição atribuindo tais evidências ao poder do diabo, assim como fizeram os judeus na época de Cristo. Só blasfema contra o Espírito Santo quem resiste contra o poder de Deus revelado em suas palavras e obras e os atribui ao inimigo. Deus não leva em conta os tempos de ignorância (Atos 17:30), mas exige um posicionamento firme daqueles que recebem a luz.
“A condenação é esta: A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz porque as obras deles eram más.” - João 3:19.
Prezado irmão. Blasfemar contra o Espírito Santo é desprezar as inúmeras evidências bíblicas sobre sua obra e natureza. É se agarrar a conceitos pré-estabelecidos desprezando a luz que emana do Espírito Santo de Deus.
“Daquele a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá.” - Lucas 12:48.
Fica demonstrado aqui que o episódio relatado em Mateus 12 e Marcos 3 sobre o pecado imperdoável é, na verdade, um testemunho contra o trinitarianismo e um alerta contra os que desprezam as evidências da Palavra de Deus.
“Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operara a maior parte dos seus milagres, o não se haverem arrependido, dizendo: Ai de ti, Corazin! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom, se tivessem operado os milagres que em vós se operaram, há muito elas se teriam arrependido em cilício e em cinza. Contudo, eu vos digo que para Tiro e Sidom haverá menos rigor, no dia do juízo, do que para vós. E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? até o inferno descerás; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. Contudo, eu vos digo que no dia do juízo haverá menos rigor para a terra de Sodoma do que para ti. Naquele tempo falou Jesus, dizendo: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” - Mateus 11:20-27.

Trindade no Velho Testamento?

Talvez o argumento mais fraco utilizado pelos doutores em divindade trinitarianos esteja relacionado com a tentativa inócua de provar a trindade no Velho Testamento. Este argumento se baseia na interpretação tendenciosa da palavra hebraica echad no seguinte verso:
“Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é o único (echad) Senhor.” - Deuteronômio 6:4.
De acordo com estes teólogos existem duas palavras em hebraico que significam “único”: echad e yachid. A diferença entre elas é que echad significa “um (entre outros)”. Isto significa que quando falamos echad estamos nos referindo a um único ser mas existem outros, ou seja, a possibilidade de haver outros é inerente em echad. Já a palavra yachid é usada para designar um ser exclusivamente único. Yachid é um só e ponto final!
De fato, este é o significado das palavras em hebraico, mas o problema está na interpretação particular que é dada para echad. A interpretação natural, levando-se em conta o contexto, é que o nosso Deus é o único (echad) Senhor (entre outros deuses pagãos). A palavra echad sugere a existência de outros deuses e o próprio verso 14 do mesmo capítulo diz o seguinte:
“Não seguirás outros deuses, os deuses dos povos que estão ao teu redor.” - Deuteronômio 6:14.
Ora, os doutos teólogos pretendem sugerir que os “outros deuses”, conceito implícito na palavra echad, são os componentes da trindade: Deus Filho e Deus Espírito Santo, além do Deus Pai que aparece de forma explícia. No entanto, através da análise do contexto de Deuteronômio 6, fica claro que os outros deuses são os deuses pagãos de Canaã.





Após Mateus 28:19, o texto mais utilizado para a defesa da trindade e da pessoalidade do Espírito Santo está no discurso de Cristo aos discípulos, quando o Mestre prometeu o Consolador. (Capítulos 14, 15 e 16 do evangelho de João)
O termo “Consolador”, traduzido do grego “parákletos”, é citado em apenas 5 versos da Bíblia, sempre pelo apóstolo João (João 14:16; 14:26; 15:26; 16:7 e I João 2:1). O sentido original da palavra grega parákletos está relacionado a alguém que está ao lado a fim de ajudar, defender, consolar. Há várias traduções possíveis para a palavra grega parákletos. Além de “Consolador”, tradução mais comum em português, algumas versões usam “Confortador”[3], “Conselheiro”[4], “Advogado”[5] e até mesmo “Paráclito”[6] como traduções possíveis para a palavra grega parákletos.
Nesta seção vamos fazer uma breve análise seqüencial, começando por João 14:16 e passando por todos os versos e contextos onde o parákletos é citado. O objetivo principal deste capítulo é revelar quem é o parákletos.
Das cinco ocorrências bíblicas da palavra parákletos, as quatro primeiras saíram diretamente dos lábios de Jesus e foram relatadas por João, a última saiu da pena do apóstolo João em sua primeira epístola.
Vejamos o que Jesus queria dizer quando prometeu um parákletos  para os seus discípulos.

João 14 - O Espírito da Verdade

“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro parákletos (consolador), a fim de que esteja para sempre convosco. O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habia convosco e estará em vós.” - João 14:16 e 17.
Jesus prometeu o Consolador (parákletos). Mas quem é o parákletos? Cristo mesmo responde: O parákletos é o “Espírito da verdade” (14:16 e 17). Portanto, o “Espírito da verdade” é o Consolador prometido por Cristo. A verdade tem espírito? É evidente que estamos lidando com elementos simbólicos cuja interpretação deve ser dada pela própria Bíblia.
Qual é ou quem é o Espírito da verdade? Primeiramente temos que entender qual é a definição de “verdade” dentro do contexto do capítulo 14. O leitor atento perceberá que logo nos primeiros versos de João 14 a “verdade” é definida por Cristo:
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” - João 14:6.
Portanto, se a verdade neste contexto é Cristo, então o “Espírito da verdade” pode ser interpretado naturalmente como o Espírito de Cristo. Ao longo deste estudo teremos outras evidências de que o Consolador, o Espírito da verdade, é, de fato, o próprio Espírito de Cristo. Concluiremos que é o pneuma de Cristo que nos consola.
Qual é a finalidade da vinda do Consolador? O verso 16 responde: “a fim de que esteja para sempre convosco”. Esta expressão lhe é familiar? Quem prometeu que estaria conosco para sempre? A finalidade do parákletos é a mesma de Cristo: estar para sempre conosco.
“E eis que estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos.” - Mateus 28:20.
De fato, Paulo afirma que “nada nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Romanos 8:39)
Ora, o parákletos (Consolador) é o próprio Cristo que está conosco, não mais em carne, mas atuando através do seu Espírito!
A próxima evidência de que o parákletos é o próprio Espírito de Cristo vem logo em seguida, em João 14:18. Após dizer que o Espírito da verdade “estará em vós” (vs. 17), Jesus afirma no verso 18:
“Não vos deixarei órfãos, virei para vós.” - João 14:18
E acrescenta:
“Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós.” - João 14:20.
Note a semelhança das expressões nos versos 17 e 20. No verso 17 Jesus afirma que o Espírito da verdade “estará em vós”, no verso 20 ele repete o conceito afirmando que ele, o próprio Jesus, estaria em vós. Exatamente a mesma expressão que foi utilizada para o Espírito da verdade é agora usada para Cristo. Isto indica claramente que Cristo estava prometendo enviar o seu próprio Espírito, não uma terceira pessoa. Como não poderia estar ajudando e consolando seus discípulos pessoalmente, em carne, estaria com eles de outra forma: através de seu pneuma (espírito).
A manifestação do parákletos (Espírito de Cristo) é prometida também no verso seguinte:
“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado pelo meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.” - João 14:21.
Como os verbos estão no futuro, fica claro que Jesus não estava se referindo à manifestação em carne pois esta já era uma realidade no tempo presente para os discípulos - não há que se prometer algo que já é realidade. Quando Cristo afirma “e me manifestarei a ele” (ao que guarda os mandamentos) claramente indica uma manifestação no futuro, não em carne, mas em espírito. A promessa do verso 21 está intimamente relacionada à promessa dos versos 16, 17, 18, 19 e 20. É a mesma promessa! Trata-se da promessa de que Jesus não deixaria seus discípulos desamparados, mas ele viria e se manifestaria a eles de outra forma: espiritualmente.
A conclusão de que o Consolador, o Espírito da verdade, é o próprio Espírito de Cristo é ratificada quando analisamos os versos 16 a 21 no contexto, considerando que Cristo está falando de um assunto específico e não de vários assuntos ao mesmo tempo. Analisar o verso dentro do contexto é a chave para chegarmos a esta conclusão.
Os versos seguintes apenas confirmam o que descobrimos até aqui. Veja o verso 22:
“Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.” - João 14:20.
Até então tínhamos visto que Cristo viria e se manifestaria (em espírito) aos seus servos obedientes. Agora, porém, lemos que o Pai, juntamente com Cristo, faria morada nestes servos fiéis. Como isso pode acontecer? É simples! Já vimos anteriormente que Jesus Cristo e o seu Pai têm o mesmo Espírito (pneuma) por isso eles são um. É exatamente este Espírito (pneuma) que virá habitar em nós. Não é errado entendermos que Deus também é nosso Consolador. O apóstolo Paulo afirma que o nosso Deus é “o Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação” (II Coríntios 1:3). Também afirma que “Deus, que consola os abatidos, nos consolou...” (II Coríntios 7:6). Portanto, o Espírito da verdade, o Consolador, é também o Espírito de Deus.
Após uma breve explicação em decorrência de uma pergunta de Judas, no verso 22, Jesus menciona pela segunda vez o parákletos (verso 26). Agora o Mestre chama o Consolador (parákletos) de Espírito Santo.
“Mas o Consolador (parákletos), o Espírito Santo, ...” - João 14:26.
Não há razão para acreditar que o Consolador do verso 26 seja diferente do Consolador do verso 16. É o mesmo parákletos, o mesmo Consolador do verso 16. Mas no verso 26, em vez de chamá-lo de Espírito da verdade, Jesus o chama de Espírito Santo. Poderíamos, novamente colocar numa fórmula de igualdade para interpretar os símbolos:
Nos versos 16 e 17 lemos que Consolador = Espírito da Verdade
No verso 6 temos a definição de verdade: Verdade = Cristo
Então, usando as duas igualdades acima, chegamos à seguinte conclusão:
Þ Consolador = Espírito da Verdade = Espírito de Cristo
Ou seja, lendo os versos 6, 16 e 17, já podemos concluir quem é o Consolador (parákletos). Trata-se do próprio Espírito de Cristo. Isso é confirmado posteriormente, vejamos:
De acordo com o verso 26 aprendemos que Consolador = Espírito Santo
Já estudamos que, de acordo com os escritos de Paulo Espírito Santo = Espírito de Cristo
Finalmente, concluímos que:
Þ  Consolador = Espírito da verdade = Espírito de Cristo = Espírito Santo
O Consolador (parákletos) é o próprio Espírito (pneuma) de Cristo.

“Outro” Consolador

Defender uma doutrina baseado em um verso é algo muito perigoso, principalmente se o contexto não for analisado apropriadamente e se outras passagens sobre o assunto não forem consultadas. Mas o mais perigoso é basear um argumento sobre uma única palavra. E o risco de cometer um erro aumenta quando esta palavra está inserida entre elementos simbólicos, como é o caso do verso 16.
Infelizmente é exatamente isto que fazem os defensores da teoria da trindade quando tentam provar que o parákletos (Consolador) é uma terceira pessoa. No caso, a palavra chave para a defesa dos trinitarianos é “outro”:
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador a fim de que esteja sempre convosco.” - João 14:16.
Se Cristo prometeu outro Consolador, como poderia ser o próprio Cristo? Não seria este outro uma terceira pessoa? Se a intenção de Cristo fosse enviar seu próprio Espírito ele não deveria ser mais claro dizendo que iria mas ele mesmo voltaria em Espírito?
Estas são as questões colocadas pelos defensores da trindade e podemos, novamente com auxílio de outros textos bíblicos, esclarecer estes pontos.
Primeiramente, é importante relembrar que Cristo muitas vezes falava de si mesmo na terceira pessoa do singular. Um exemplo clássico foi a afirmação de Cristo perante o sinédrio:
“Desde agora estará sentado o Filho do homem à direita do Todo-poderoso Deus.” - Lucas 22:69.
Também em diálogo com a mulher samaritana Cristo proferiu discurso simbólico em terceira pessoa:
“Se conheceras o dom de Deus, e quem é o que te pede: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.” - João 4:10.
E falando sobre a verdade, que simbolicamente é ele mesmo, disse em discurso proferido na terceira pessoa:
“Então conhecereis a verdade e a verdade vos libertará... Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” - João 8:32 e 36.
Em outra ocasião, proferindo parábola sobre o bom pastor, disse:
“Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas... as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas.” - João 10:2 e 3.
E ainda falando sobre o pão enviado por Deus:
“Pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.” - João 6:33.
Em suma, quando Cristo profere discurso na terceira pessoa do singular falando sobre a verdade, a água viva, o bom pastor, o pão de Deus, o parákletos e outros símbolos, na verdade está falando sobre Si mesmo.
Então por que no caso do Consolador (parákletos) Cristo utiliza a palavra “outro”?
Convém lembrar que nem sempre a palavra “outro” refere-se literalmente a uma terceira pessoa. A palavra “outro” pode ter um sentido simbólico, já que está inserida num contexto repleto de símbolos. Veja um exemplo em que a palavra “outro” também tem sentido simbólico:
“O Espírito do Senhor se apossará de ti (Saul), e profetizarás com eles, e tu serás mudado em outro homem... Sucedeu, pois, que, virando-se ele para despedir-se de Samuel, Deus lhe mudou o coração; e todos esses sinais se deram naquele mesmo dia.” - I Samuel 10:6 e 9.
Saul se transformou em literalmente em outro homem? Não! Era o mesmo Saul, a mesma pessoa, mas agindo de outra forma. Neste sentido ele foi outro, num sentido figurado, simbólico. Semelhantemente, o Consolador é o próprio Cristo, mas atuando de outra forma; não mais em carne, e sim através do seu Espírito.
A intenção de Cristo era dizer que ele mesmo viria em Espírito para ser o parákletos dos seus discípulos. Todo o contexto deixa isto muito claro. Cristo nunca deixou seus discípulos com dúvidas. O Mestre usava símbolos, figuras e parábolas, mas em seguida, para evitar más interpretações, Ele afirmava literalmente o que havia dito em símbolos. Não foi diferente nesta ocasião. Após dizer no verso 16 “ele vos dará outro Consolador” (mensagem figurada), Cristo afirmou no verso 18 “Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros.” (mensagem literal indicando que quem viria era ele mesmo). Dez versos para frente o mesmo paralelismo “Simbólico X Literal” se repete: No verso 26 Cristo diz simbolicamente: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas.” Já no verso 28 Cristo repete a mensagem de forma literal: “Vou e volto para junto de vós.” A palavra de Deus é fantástica! Os símbolos e parábolas são sucedidos por explicações e mensagens literais.

João 15 - Quem Enviará o Espírito?

Em João 15:26 encontramos a terceira menção da palavra parákletos (Consolador):
“Quando vier o Consolador (parákletos), que eu da parte do Pai vos enviarei, o Espírito da verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim.” - João 15:26
Novamente no capítulo 15, o parákletos é chamado de Espírito da verdade. Nossa tendência, como pessoas pesquisadoras, é comparar este verso com os anteriores. Então surge naturalmente a questão: Quem enviará o Consolador? O Pai ou Jesus?
Numa primeira leitura o texto parece conter alguma ambigüidade. Cristo enviará o Consolador, mas o Consolador será enviado “da parte do Pai”, o Espírito da verdade “que procede do Pai”, afirma Jesus. Na realidade esta dualidade já estava presente no verso 26 do capítulo anterior. Em João 14:26 quem envia o Consolador é o Pai; em João 15:26 quem envia o Consolador é Jesus. Como explicar esta aparente contradição?
Já vimos que o Espírito de Cristo é também o Espírito de Deus. Ambos compartilham o mesmo pneuma (espírito). Veja estas afirmações de Cristo:
“Tudo quanto o Pai tem é meu...” - João 16:15.
“...para que possais saber e compreender que o Pai está em mim e eu nele.” - João 10:38.
“Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim?” - João 14:10.
Estes versos nos dizem que tudo o que o Pai tem, também pertence ao Filho. Tudo! Inclusive o seu próprio Espírito (pneuma). É por esta razão que Cristo está no Pai e o Pai está no Filho, pois são um em espírito, ou seja, compartilham o mesmo pneuma. Portanto, não há contradição entre João 14:26 e João 15:26. Cristo envia o seu pneuma e o Pai faz o mesmo.
Sem medo de errar, com convicção de que o Pai e o Filho compartilham do mesmo Espírito, reafirmamos que: Espírito de Deus = Espírito de Cristo
Como conseqüência podemos afirmar que quando Deus envia o seu Espírito, Cristo também envia o seu Espírito, pois não há diferença entre Espírito de Cristo e Espírito de Deus.

Que Procede do Pai

O verbo grego equivalente ao “proceder”, utilizado em João 15:26, é ekporeuomai. O Espírito da verdade procede (ekporeuomai) do Pai. O significado deste verbo no original é sair ou partir de dentro de. O verbo ekporeuomai é utilizado também nos seguintes versos com exatamente o mesmo sentido original (partir de dentro, do interior de):
“Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede (ekporeuomai) da boca de Deus.” - Mateus 4:4.
“O que sai (ekporeuomai) do homem, isso é o que o contamina.” - Marcos 7:20.
“Então vi sair (ekporeuomai) da boca do dragão, da boca da besta e da boca do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs.” - Apocalipse 16:13.
Em João 15:26 o verbo ekporeuomai indica que o Espírito da verdade sai, ou parte de dentro (do interior) do Pai. Isso enfraquece a teoria que defende o Espírito da verdade (parákletos) como uma terceira pessoa, independente do Pai e do Filho. O Espírito de Deus está dentro de Deus e não fora dEle. De dentro de Deus o Espírito emana para os seus filhos.

João 16 - Convém Que Eu Vá

Passemos a analisar o quarto verso bíblico que menciona o parákletos (Consolador):
“Convém que eu vá, porque se eu não for, o Consolador (parákletos) não virá para vós; mas se eu for, eu vos enviarei.” - João 16:7.
A Bíblia deixa claro que o Espírito de Deus já atuava entre os homens. Será que o Consolador, também chamado de Espírito Santo, não estava atuando entre os homens enquanto Jesus estava na terra? Sim, atuava! Lucas 2:25, sobre Simeão, afirma que “o Espírito Santo estava sobre ele”. “Movido pelo Espírito foi ao templo” (vs. 27). Em Lucas 1:15, o anjo disse a Zacarias que seu filho, João Batista, seria “cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe”. Lucas 1:41 afirma que a mãe de João Batista, “Isabel ficou cheia do Espírito Santo”. Sobre seu pai, Zacarias, a Bíblia também afirma que ficou “cheio do Espírito Santo” (Lucas 1:67). A atuação do Espírito Santo é anterior à encarnação de Cristo. Marcos 12:36 afirma que “Davi falou movido pelo Espírito Santo” (ver também Atos 1:16). “Bem falou o Espírito Santo aos vossos pais pelo profeta Isaías” (Atos 28:25). Além disso o Velho Testamento relata a manifestação do Espírito de Deus sobre várias pessoas.
Por que, então, Jesus afirmou que ele enviaria o parákletos apenas após sua partida? Para responder a esta pergunta devemos novamente recorrer ao contexto, ou seja, ao início do capítulo. A chave está no verso 6 do capítulo 16. O coração dos discípulos se encheu de tristeza quando Cristo afirmou que iria para Aquele que o enviara, para o Pai. O objetivo de Cristo era consolar seus discípulos com a promessa do parákletos. A promessa deveria soar da seguinte forma aos ouvidos dos discípulos: Não estarei mais com vocês em carne, mas assim que eu partir (corporalmente), estarei convosco em Espírito, ou seja, o meu pneuma (espírito) estará com vocês.
Paulo, certa ocasião, usou uma figura de linguagem semelhante:
“Porque ainda que eu esteja ausente quanto ao corpo, contudo em espírito estou convosco, regozijando-me, e vendo a vossa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo.” - Colossenses 2:5.
É evidente que Paulo usa uma figura de linguagem, pois ele não era onipresente: não poderia estar fisicamente em um lugar e seu espírito em outro. Cristo também estava utilizando figuras e simbolismos neste discurso. Ele mesmo admitiu a utilização de discurso simbólico neste contexto:
“Disse-vos estas coisas por figuras; vem a hora em que não vos falarei mais por figuras, mas abertamente vos falarei acerca do Pai.” - João 16:25.
É neste sentido figurado que o parákletos (ou Espírito Santo, ou Espírito de Cristo) é prometido apenas para após a ascensão de Cristo. Não faria sentido Cristo dizer que estaria com os seus discípulos através do seu Espírito se ele já estava com os discípulos em carne.

João 16 - “Não Falará de Si Mesmo”

Ainda no mesmo contexto, falando sobre o parákletos, Jesus disse:
“Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas que hão de vir.” - João 16:13.
Novamente o Senhor Jesus repete sobre o parákletos o que já havia dito em João 14:17, que o parákletos é o Espírito da verdade. João 16:13 também afirma que este “Espírito da verdade” não falaria de si mesmo. Ora, essa característica de não falar de si mesmo é conhecida daqueles que lêem o evangelho. Sobre quem foi dito várias vezes que não falava de si mesmo? Como vimos, o Espírito da Verdade é o próprio Espírito de Jesus Cristo e este declarou várias vezes que não falava de si mesmo:
“Porque eu não falei por mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, esse me deu mandamento quanto ao que dizer e como falar.” - João 12:49.
“Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é quem faz as suas obras.” - João 14:10.
 “Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é dele, ou se eu falo por mim mesmo.” - João 7:17.
“Muito tenho que dizer e julgar de vós. Mas aquele que me enviou é verdadeiro, e o que dele ouvi digo ao mundo.” - João 8:26.
“Quem não me ama, não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai que me enviou.” - João 14:24.
“Pois lhes dei as palavras que tu me deste, e eles as receberam. Verdadeiramente conheceram que sai de ti, e creram que me enviaste.” - João 17:8.
A mensagem de Cristo não teve origem nele, mas em seu Pai. Cristo deixou este fato bastante claro como pudemos confirmar nestes versos. Cristo não falava de si mesmo. Por que então a mensagem do “Espírito da verdade” (que é o Espírito de Cristo) deveria ter origem em si mesma? A origem da verdade está em Deus, o Pai, e estas palavras de verdade foram transmitidas a nós através do Filho Unigênito, quando estava entre nós, e hoje tais palavras são transmitidas pelo Espírito (pneuma) do Filho Unigênito, o parákletos. Mas os textos bíblicos enfatizam qual é a origem das palavras da verdade: o Pai. Esta semelhança entre as características do parákletos e de Cristo, não deixa dúvidas. O parákletos é o próprio Espírito de Cristo, não falando de si mesmo, mas transmitindo as palavras do Pai. O parákletos não é uma terceira pessoa de uma suposta trindade.
Vejamos a seqüência do capítulo 16:
“Ele me glorificará porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar.” - João 16:14.
Há três informações neste verso: (1) “Ele me glorificará”, (2) “Ele há de receber do que é meu” e (3) “Ele vo-lo há de anunciar”. E a questão é: Quem é o “ele” do verso 14? Sobre quem Jesus está falando? Sobre o parákletos? Sobre seu próprio Espírito? Sobre o Pai? Ou sobre uma terceira pessoa da trindade? Quem é o “ele” de João 16:14? A resposta está no verso seguinte:
“Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse que há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar.” - João 16:15.
É evidente que Cristo está falando a respeito do Pai nos verso 14 e 15. O verso 14 tem muita semelhança com o verso 15. Pare por alguns segundos e note as semelhanças. É incontestável que o verso 14 refere-se ao Pai, pois este é quem glorifica o Filho.
“Assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei.” - Hebreus 5:5.
O próprio Cristo admitiu que não poderia glorificar-se a si mesmo, mas que o Pai o glorificaria:
“Respondeu Jesus: Se eu me glorificar a mim mesmo, a minha glória não é nada; quem me glorifica é meu Pai, do qual vós dizeis que é o vosso Deus.” - João 8:54.
A Bíblia mostra que a glorificação é um ato bilateral entre Deus e o seu Filho. O Pai glorificou o Filho e o Filho glorificou o Pai através de suas obras:
“Depois de assim falar, Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o Filho te glorifique... Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer. Agora, pois, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse.” - João 17:1, 4 e 5.
Cristo, falando sobre si mesmo, afirmou:
“Também Deus o glorificará em si mesmo, e logo o há de glorificar.” - João 13:32.
Por que Jesus interrompe seu discurso sobre o parákletos e fala sobre a glória que receberá do Pai nos versos 14 e 15? Ora, a concessão do Espírito de Cristo em sua plenitude não ocorreria imediatamente após a ascenção de Cristo, mas estava condicionada à sua glorificação. Se Cristo não recebesse de volta a glória que tinha antes da encarnação, continuaria despido dos atributos da divindade, dentre os quais a onipresença. Como então poderia enviar seu Espírito para todo o mundo? Por isso a ordem natural dos fatos deveria ser obedecida: Em primeiro lugar Cristo deveria ser glorificado pelo Pai, posteriormente Cristo enviaria o seu Espírito (parákletos).
“Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado.” - João 7:38 e 39.
Fica então evidente a razão de Cristo ter inserido em seu discurso um comentário parentético sobre sua glorificação (versos 14 e 15). Cristo precisaria voltar para o Pai, ser glorificado, e depois voltar espiritualmente (enviando o seu pneuma). Com isto em mente, fica mais simples entender o verso seguinte, o verso 16:
“Um pouco, e não me vereis, e um pouco ainda e me vereis.” - João 16:16.
Temos neste verso uma clara menção ao breve período de tempo que Jesus permaneceria pessoalmente (em carne) com os seus discípulos e depois subiria ao Pai (“um pouco e não me vereis”). O verso conclui falando sobre o breve período em que Cristo deveria receber de volta a glória da divindade enviando, logo em seguida, o seu próprio Espírito (“e um pouco ainda e me vereis”).
Não há dúvidas, o parákletos prometido por Cristo é ele mesmo em espírito, é seu próprio pneuma. Vejamos se João interpretou desta forma o termo parákletos usado por Jesus.

I João 2 - O Parákletos, Nosso Advogado

Na quinta e última vez que a palavra grega parákletos é mencionada na Bíblia há uma clareza meridiana sobre quem é de fato o parákletos. Se havia alguma dúvida sobre quem é o parákletos, o texto de I João 2:1 irá dirimi-la.
Desta vez a palavra parákletos não sai diretamente do discurso de Cristo, mas de uma epístola de João. O apóstolo João, que ouviu Cristo várias vezes falar sobre o parákletos e relatou o discurso de Cristo, agora tem a oportunidade de utilizar o mesmo termo grego e colocar sua interpretação de forma clara e inequívoca. Em geral, a palavra parákletos de I João 2:1 não é traduzida como Consolador. Desta vez a tradução mais comum é Advogado. Mas a forma como parákletos é traduzida para a língua portuguesa não pode nos fazer imaginar que o parákletos de I João 2:1 é diferente do parákletos de João 14, 15 e 16. Vejamos quem é o parákletos segundo a interpretação do apóstolo João:
“Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se todavia, alguém pecar, temos Advogado (parákletos) junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo.” - I João 2:1.
Não há mais dúvidas. A Palavra de Deus é maravilhosa e se explica por si mesma. O parákletos (Consolador, Conselheiro, Ajudador, Advogado) é um só: Jesus Cristo, nosso Senhor, que atua em nossa vida através do seu pneuma santo.


Ao longo da leitura deste livro pudemos comprovar que a doutrina da Santíssima Trindade como pregada pela igreja Católica e por várias denominações protestantes não tem base bíblica. Na verdade, a palavra “Trindade” ou “Triúno” nunca foi utilizada pelos autores bíblicos. Esta doutrina é completamente estranha aos israelitas do Velho Testamento e aos cristãos do Novo Testamento. Nesta última seção mostraremos de forma bem resumida como a doutrina da Santíssima Trindade foi introduzida paulatinamente na igreja cristã.

“Paganização” do Cristianismo

Nos primeiros séculos da era cristã o mundo estava sob o controle dos romanos. Os imperadores daquela época perceberam que poderiam governar com maior facilidade utilizando-se da religião, unindo a igreja com o estado. Mas estes governantes tinham um desafio: agradar os dois maiores grupos religiosos da época: cristãos e pagãos. A forma encontrada foi adaptar o cristianismo ao paganismo e vice-versa. Isso causou o que podemos chamar de paganização da religião cristã. Muitas práticas surgiram como mistura de conceitos da cultura pagã com a cultura judaico-cristã. Um exemplo é a adoração de imagens de escultura, algo abominável para os apóstolos e profetas do Velho Testamento por ser prática claramente pagã. Mas a nova idolatria era adaptada para agradar aos cristãos. As imagens estabelecidas eram de Jesus e dos apóstolos e pretendiam apenas representar a divindade e os santos apóstolos - a princípio sem o objetivo de adoração, mas que demonstrou ser uma direta transgressão do primeiro e segundo mandamentos: “Não terás outros deuses diante de mim” e “não farás para ti imagens de escultura”. Desta forma, misturando o paganismo com o cristianismo, tais imperadores conseguiram agradar o grupo de pagãos e o de cristãos.
Os conceitos básicos para o estabelecimento da doutrina da trindade surgiram dentro deste contexto como forma de conciliar o culto politeísta dos pagãos com o culto cristão de adoração a um único Deus. Uma boa forma para agradar cristãos e pagãos seria o estabelecimento de um culto de um Deus formado por três pessoas. Desta forma, mais uma pessoa foi introduzida na unidade do Pai com o Filho. Agora não mais dizemos como Cristo “Eu e o Pai somos um”, mas sim “Eu, o Pai e o Espírito Santo somos um”.

O Concílio de Nicéia

De acordo com a Wikipedia, enciclopédia da Internet, “o primeiro concílio de Nicéia teve o lugar em 325 a.d. durante o reinado do imperador romano Constantino I (o primeiro imperador romano a aderir ao cristianismo). Foi a primeira conferência de bispos ecumênica da igreja católica.”
Naquela ocasião a igreja atravessava uma grande controvérsia com relação à natureza de Cristo. Várias teorias surgiram para explicar a questão da divindade e/ou humanidade de Cristo. A maior parte destas teorias estava bem longe da verdade e da simplicidade da Palavra de Deus. Um dos nomes mais famosos da época é o de Arius que questionava a divindade de Cristo defendendo uma posição muito parecida com a doutrina dos Testemunhas de Jeová (por isso são conhecidos como Arianos). “Na controvérsia ariana colocava-se um obstáculo grande à realização da idéia de Constantino de um império universal que deveria ser alcançado com a ajuda da uniformidade da adoração divina”, complementa a enciclopédia Wikipedia.
Vendo o império dividido nesta questão e almejando a unidade, Constantino convocou para o verão de 325 a.d. os bispos de todas as províncias. Um grande número de bispos atendeu à convocação de Constantino para o Primeiro Concílio de Nicéia que foi aberto formalmente em 20 de Maio. Após um mês, em 19 de Junho foi promulgado o Credo de Nicéia. Um “credo” era um documento preparado pela liderança da igreja que continha  as crenças fundamentais que todos os cristãos deveriam professar. Quem não professasse este conjunto de doutrinas era expulso da igreja. Isto aconteceu com alguns bispos que discordaram do Credo de Nicéia.
No credo de Nicéia lia-se o seguinte:
“Creio em um único Deus e Pai Onipotente, que fez o Céu e a Terra; e em um único Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, unigênito do Pai, nascido antes de todos os séculos, Deus de Deus, consubstancial com o Pai, que desceu dos Céus, e foi encarnado do Espírito Santo pela Virgem Maria; e no Espírito Santo, Senhor e Vivificante, que procede do Pai e do Filho, que é adorado e glorificado com o Pai e o Filho.”
No credo de Atanásio, produzido pouco depois do Concílio de Nicéia, o conceito da Trindade ficava mais claro:
“A Fé católica [universal] é que veneramos um único Deus na Trindade, e a Trindade na Unidade, sem confundir as Pessoas e sem separar a substância' (...) Outra é a Pessoa do Pai, outra a Pessoa do Filho, e outra a Pessoa do Espírito Santo (...) O Pai é Deus e Senhor, o Filho é Deus e Senhor, e o Espírito Santo é Deus e Senhor (...) Mas, assim como somos forçados pela verdade cristã a confessar cada Pessoa Deus e Senhor em particular, do mesmo modo somos impedidos pela religião católica [universal] de dizer três Deuses ou três Senhores.”
Vejamos o que diz “O Catecismo do Católico de Hoje”, pág. 12:
“A Igreja estudou este mistério com grande solicitude e, depois de quatro séculos de investigações, decidiu expressar a doutrina deste modo: Na unidade da Divindade há três pessoas – o Pai, o Filho e o Espirito Santo – realmente distintas uma da outra. Assim nas palavras do Credo de Atanásio: “O Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espirito Santo é Deus, e no entanto não são três deuses, mas um só Deus” - O Catecismo do Católico de Hoje Pág. 12 (Número 1248 da Editora Santuário – Edição 28 – 2002)
É importante lembrar que o Concílio de Nicéia não estabeleceu apenas os fundamentos para a doutrina da trindade. Outras decisões foram tomadas pelos bispos da igreja católica em 325 a.d. Segundo a enciclopédia Wikipedia “outra decisão do concílio de Nicéia consistiu na transferência do dia de descanso semanal do Sábado para o Domingo. Antes da religião cristã conseguir o reconhecimento oficial de Roma, judeus e cristãos tinham tradições e festejos em comum”. Sabemos que os pagãos adoravam o sol e os cristãos e judeus guardavam o sábado. Novamente uma nova doutrina foi estabelecida, os cristãos poderiam continuar guardando um dia por semana, o dia do Sol (Sunday, em inglês). Desta forma, novamente cristãos e pagãos poderiam se unir no novo sistema de adoração meio pagão meio cristão.



Após a análise bíblica e histórica apresentada neste livro, muitos crentes sinceros poderão levantar as seguintes questões: Qual é a diferença, na prática, entre aceitar a tradicional doutrina da Santíssima Trindade e aceitar a doutrina bíblica que o Pai e o Filho compartilham do mesmo espírito? Nossa salvação depende deste ponto? Todas as pessoas que no passado aceitaram a doutrina da Santíssima Trindade e as que hoje a aceitam estarão perdidas para sempre? O assentimento mental de qualquer teoria sobre a divindade terá algum efeito prático na vida do cristão? Ou Deus não leva em conta o que acreditamos desde que tenhamos amor uns para com os outros?
Sem dúvida, tais questões são extremamente relevantes para os seguidores de Cristo que procuram viver uma religião prática. O mundo religioso está cheio de teorias, doutrinas e dogmas que geram debates, conflitos, separações, guerra e morte. Se um ensino bíblico não tiver um efeito prático positivo na vida do cristão, tal ensino é totalmente dispensável e não mereceria nossa atenção. Veremos agora como a compreensão que temos sobre Deus afeta diretamente nossa religião na prática.

Adoração: A Essência da Religião

Envolvidos com atividades sociais, responsabilidades eclesiásticas, funções administrativas e ministeriais, muitas vezes nos esquecemos da essência da religião que é a adoração. A importância da adoração na religião cristã é indiscutível. Por esta razão todos os aspectos relacionados à adoração devem ser cuidadosamente analisados e jamais menosprezados. Há várias formas de provar que a adoração é provavelmente o elemento mais importante da religião. Esta importância é facilmente comprovada quando analisamos o esforço de Satanás para deturpar vários aspectos relacionados à adoração verdadeira. Se a adoração não fosse tão importante, certamente o inimigo não atuaria de forma tão especial nesta área. Podemos ver alguns exemplos bíblicos começando pela tentativa do inimigo de conquistar a adoração para si:
“Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles; e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares. Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.” - Mateus 4:8-10.
Felizmente Satanás não conseguiu alcançar seu grande objetivo de conquistar a adoração do Filho de Deus para si. A obstinação de Satanás por adoração é tão grande que o inimigo declarou guerra contra a adoração ao Deus verdadeiro:
“Ninguém de modo algum vos engane; porque isto não sucederá sem que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem do pecado, o filho da perdição, aquele que se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração, de sorte que se assenta no santuário de Deus, apresentando-se como Deus.” - II Tessalonicenses 2:3 e 4.
Como Satanás não conseguiu obter a adoração que desejava, seu grande objetivo hoje é atrapalhar a adoração ao Deus verdadeiro atuando em vários aspectos. As grandes mensagens de Deus ao homem têm o objetivo de chamar a atenção para a verdadeira adoração. Vários aspectos que podem parecer irrelevantes à primeira vista, começam a merecer nossa atenção na medida em que descobrimos a relação que estes aspectos mantêm com a adoração. O Apocalipse, revelação especial para os crentes do tempo do fim, traz várias citações sobre o grande conflito entre Deus e Satanás, um conflito que gira em torno da adoração. Deus, através de seus mensageiros, reclama a adoração para si:
“Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” - Apocalipse 14:7.
“Eu, João, sou o que ouvi e vi estas coisas. E quando as ouvi e vi, prostrei-me aos pés do anjo que me mostrava estas coisas, para adorá-lo. Mas ele me disse: Olha, não faças tal; porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus.” - Apocalipse 22:8 e 9.
Em contrapartida, o Apocalipse também revela o esforço do inimigo para desviar os crentes da adoração verdadeira. Segundo a profecia bíblica, a besta com aparência de três animais (leopardo, urso e leão)  irá receber o poder e grande autoridade do dragão (Satanás) e obter a adoração de muitos:
“E adoraram o dragão, porque deu à besta a sua autoridade; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? quem poderá batalhar contra ela?” - Apocalipse 13:4.
A adoração falsa profetizada será uma adoração tríplice. O Apocalipse revela que os enganados por Satanás adoram (1) O Dragão, (2) a Besta que recebeu autoridade do Dragão e (3) a Imagem da Besta. Esta última recebeu o fôlego (pneuma) da besta que subiu da terra.
“Foi-lhe concedido também dar fôlego à imagem da besta, para que a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta.” - Apocalipse 13:15.
Note que existe até uma pena de morte para os que não adorarem a imagem da Besta. Esta adoração tríplice e falsa é a marca do paganismo. Os povos pagãos adoravam vários deuses, dentre os quais se destacavam tríades, conjuntos de três deuses.
Perceba que a grande vítima da “paganização” do Cristianismo ocorrida nos primeiros séculos foi a verdadeira adoração. As perguntas “como adorar?”, “quando adorar?” e “a quem adorar?” tinham outras respostas antes da “paganização” do Cristianismo.
Como vimos, para conciliar pagãos e cristãos as imagens de escultura foram recebidas na igreja. A forma de adoração começava a mudar - uma terrível violação à adoração verdadeira e à lei de Deus! Uma nova resposta à pergunta “como adorar?” estava surgindo. Deus passava a ser adorado através de imagens.
Vimos também que no Concílio de Nicéia, em 325 a.d., o domingo foi oficialmente estabelecido como dia de guarda em substituição à prática de observância do sábado mantida por judeus e cristãos até então. Uma nova resposta para a pergunta “quando adorar?” foi estabelecida. Novamente uma terrível adulteração no dia de adoração especificado por Deus em sua lei!
Poderíamos citar outros exemplos tais como o papel de Maria que, sem dúvida, recebe boa parte da adoração e louvor que deveriam ser dirigidos apenas a Deus. Mas nosso foco neste livro é a trindade. Precisamos de uma resposta para a pergunta “A quem devemos adorar e louvar?” Ao Pai? Ao Filho? Ao Espírito Santo? Vamos deixar que a Bíblia responda:
Adoração ao Pai:
“Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.” - Mateus 4:10.
“Oh, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor, que nos criou.” - Salmo 95:6.
Adoração ao Filho:
“E entrando na casa [os magos do Oriente], viram o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro incenso e mirra.” - Mateus 2:11.
“Então os que estavam no barco adoraram-no, dizendo: Verdadeiramente tu és Filho de Deus.” - Mateus 14:33.
“E eis que Jesus lhes veio ao encontro, dizendo: Salve. E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés, e o adoraram.” - Mateus 28:9.
“Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho? E outra vez, ao introduzir no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.” - Hebreus 1:5 e 6.
Adoração ao Pai e Filho:
“Ouvi também a toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e no mar, e a todas as coisas que neles há, dizerem: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos: e os quatro seres viventes diziam: Amém. E os anciãos prostraram-se e adoraram.” - Apocalipse 5:13 e 14.
“Depois destas coisas olhei, e eis uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, que estavam em pé diante do trono e em presença do Cordeiro, trajando compridas vestes brancas, e com palmas nas mãos; e clamavam com grande voz: Salvação ao nosso Deus, que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro. E todos os anjos estavam em pé ao redor do trono e dos anciãos e dos quatro seres viventes, e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus, dizendo: Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ações de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém.” - Apocalipse 7:9-12.
“E tocou o sétimo anjo a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: O reino do mundo passou a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos. E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seus tronos diante de Deus, prostraram-se sobre seus rostos e adoraram a Deus, dizendo: Graças te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e que eras, porque tens tomado o teu grande poder, e começaste a reinar.” - Apocalipse 11:15-17.
Como ficou claro através destes versos bíblicos, apenas o Pai e o Filho são dignos de adoração. Não encontramos nenhuma evidência bíblica de que o Espírito Santo deva ser adorado. No entanto, muitos pregam e cantam louvores ao Deus-Trino.
O inimigo busca confundir nossa adoração criando mais uma pessoa divina cujo nome é Espírito Santo, quando na verdade o Espírito Santo é um atributo do Pai e do Filho que nós podemos receber, mas não um deus que devamos adorar ou louvar. Lamentavelmente é comum ver crentes sinceros louvando o Espírito Santo e até mesmo orando ao Espírito Santo, quando deveríamos orar ao Pai, em nome de Jesus, pelo derramamento do Espírito Santo. Biblicamente este tipo de adoração é vã, é inútil.
“Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem.” - Mateus 15:9
Que nossa adoração a Deus não seja vã. Que os preceitos de homens que há muitos anos estão arraigados em nosso coração sejam extirpados. Que possamos nos unir a toda criatura no céu, na terra e no mar e dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos.” - Apocalipse 5:13 e 14.

Conclusão

O estudo da bíblia e da história é muito importante para que o cristão sincero conheça o surgimento de doutrinas e práticas como o batismo de crianças, a trindade, a guarda do domingo, a infalibilidade da liderança da igreja e outras doutrinas não bíblicas. Infelizmente nosso espaço é limitado para entrarmos em detalhes, mas esperamos através deste breve retrospecto histórico e análise bíblica não apenas conscientizar o leitor como também estimulá-lo a estudar mais profundamente a história usando outras enciclopédias, livros históricos, internet e outras fontes.
Apesar do estudo da história ser muito importante, o estudo da Palavra de Deus é ainda mais importante, pois lá está a verdade pura e simples: As orientações que conduzem à adoração verdadeira:
“Para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou.” - João 5:23.


[1] pnoe - derivado de pneo, a mesma raiz de pneuma
[2] George Howard é Professor Emérito e Chefe do Departamento de Religião e Professor de Religião da Universidade da Georgia. Ele realiza pesquisas sobre o Novo Testamento e Judaismo Intertestamental. Seu Ph.D. foi concluído no Hebrew Union College/Instituto Judaico de Religião (1964). Ele também estudou em Vanderbuilt e na Universidade Hebraica de Jerusalém.
[3] King James Version
[4] New International Version
[5] New Revised Standard Version
[6] Bíblia de Jerusalém